O médico Naldo Queiroz, de 27 anos, viralizou nas redes sociais após publicar um vídeo celebrando sua formatura em medicina pela Universidade Federal do Amapá (Unifap). A publicação já soma quase 100 mil curtidas em uma rede social.
Filho de uma diarista e de um ambulante, Naldo compartilhou o momento em que concretizava o sonho de se tornar médico. Morador do bairro Lago da Vaca, em Macapá, o homem precisou enfrentar uma longa jornada até alcançar o tão sonhado diploma.
“Passei em medicina, sabe? Foi uma sensação de alívio. O Naldo de 15, 20 anos atrás não acreditaria que hoje estaria atuando como médico. Eu não tinha acesso a nada”, disse emocionado.
Perseverança nos estudos mesmo com a Infância humilde
Naldo se interessou pela educação ainda na infância. Ele começou a ajudar o pai nas vendas e, aos sete anos, entrou na escola já sabendo ler. Na época, não conseguiu frequentar o pré-escolar por falta de recursos.
“Sempre gostei muito de estudar e meus pais sempre me incentivaram. Eu devorava livros em questão de semanas”, contou.
No ensino médio, o interesse pela saúde surgiu depois de participar de movimentos sociais e eventos promovidos pelo Ministério da Saúde. Ele chegou a cogitar cursar relações internacionais, mas mudou de ideia ao se envolver com debates sobre o Sistema Único de Saúde (SUS) e a inclusão da juventude LGBTQI+ na área.
Quatro tentativas até passar em medicina
Naldo cursou enfermagem antes de conseguir a vaga em medicina. Vendia brigadeiros para pagar os estudos em uma faculdade particular o primeiro ano, e ainda se preparava para o Enem. Logo depois, ingressou em enfermagem na Unifap, mas optou por pausar o curso para se dedicar exclusivamente ao sonho de ser médico.
“Me sentia atrasado. Já tinha perdido três anos, poderia estar terminando o curso. Me culpava por não ter dinheiro, por não conseguir acompanhar os colegas”, relembrou.
Na quarta tentativa, conquistou a aprovação. Para conseguir chegar à universidade, ele precisava pegar dois ônibus todos os dias.
Naldo relatou também que um dos seus principais objetivos era cuidar da família. Ele queria ser o médico particular dos pais e irmãos, não apenas para ajudar financeiramente, mas para oferecer atenção e cuidado.
“Eles passaram por tantas coisas ruins que não dá para apagar. Principalmente minha mãe, que é a pessoa que mais amo. Ela é minha melhor amiga”, disse.
O médico também se tornou o primeiro dos filhos de seus pais, entre os que vivem no Amapá, a entrar em uma universidade.