Na edição do ‘Jogo do Poder’ desta quinta-feira, 18 de junho, os jornalistas Amadeu Campos, Arimatea Carvalho, Ananias Ribeiro e Sávia Barreto entrevistaram o ex-prefeito de São Paulo e candidato à Presidência pelo PT em 2018, Fernando Haddad. Na ocasião, o petista tratou sobre a crise provocada pela pandemia da Covid-19, a instabilidade política do Governo Bolsonaro e a sucessão presidencial.
Na ocasião, Haddad comentou a prisão de Queiroz e os problemas políticos enfrentados no Brasil, agravando ainda mais o enfrentamento à pandemia da Covid-19. "Fico extremamente preocupado com a situação do Brasil, o Brasil deveria estar com o foco na pandemia e na economia, deveríamos estar discutindo a recuperação da economia, teremos milhões e milhões de desempregados, e o presidente dedica seu tempo para defender os seus filhos, essa sua obsessão de obstruir a Justiça desde as eleições, no segundo turno ele tratou de afastar suas inconveniências: Queiroz, Adriano, os milicianos; é uma situação delicada, pela qual pedimos a renúncia de Bolsonaro há 90 dias, de lá as crises só se avolumaram, eu estou preocupado com os brasileiros, que não veem um horizonte, desta forma vamos chegar a um limite que não dá mais para suportar.
O ex-ministro ainda demonstrou sua desconfiança sobre as relações que envolvem Fabrício Queiroz e a família Bolsonaro, destacando a possibilidade dos entes estarem tentando obstruir a Justiça.
"Isso pode mudar muita coisa dependendo do quanto Queiroz e sua esposa vão querer abrir a caixa preta dos gabinetes da família Bolsonaro. A suspeita é de desvio de dinheiro público para apropriação privada; e peço que a manobra que Bolsonaro fez substituindo o superintendente da PF no Rio visava evitar justamente o dia de hoje, vejo com muita preocupação as coisas, me preocupo muito com a família brasileira que hoje está desamparada; se não fosse os governadores e prefeitos estaríamos em uma situação muito grave", frisou.
Sucessão presidencial
Sobre a sucessão presidencial em 2022, o ex-prefeito Fernando Haddad disse acreditar que Lula terá o seu direito de concorrer retomado após o julgamento da suspeição do ex-juiz Sérgio Moro.
"Primeiro lugar tenho muita confiança que o Supremo fará Justiça e julgará a suspeição do Moro, que inclusive foi responsável pela eleição do Bolsonaro, divulgou ilegalmente documentos, pactuou a ida ao Ministério da Justiça, e brigaram agora muito mais por questões de caráter político e eleitoral. O PT há muitos quadros políticos além do Fernando Haddad, aliás agradeço a votação que tive no Nordeste, sei que fiz um trabalho no MEC que mudou o Nordeste; agora nós temos o Camilo Santana, Wellington Dias, Jacques Wagner, Fátima Bezerra, temos muita gente apta a nos representar e de maneira que até 2022 há muita água para correr", disse.
Haddad ainda indicou que está disponível para ajudar os candidatos do PT nas eleições deste ano, inclusive Fábio Novo, que deve concorrer em Teresina.
"Eu tô disponível para todos os candidatos do PT que quiserem minha participação, tivemos uma eleição muito ruim em 2016 e agora temos a chance de recuperar terreno em 2020. E temos grandes lideranças, Fábio Novo é um deles, uma pessoa ligada a cultura, com princípios, se precisar de mim estarei disponível", afirmou.
Educação
Ministro da Educação na gestão Lula, Fernando Haddad fez críticas ao atual ocupante do posto, Abraham Weintraub.
"Infelizmente o ministro que está na pasta é um desequilibrado, sem compostura, e eu não sei o que vem pela frente, às vezes a gente acha que não dá para piorar, mas o Bolsonaro se supera, é uma área que está destroçada, é um desgoverno na área da educação. Hoje mesmo ele revogou uma portaria que faz que as universidades prestem atenção a pessoas com deficiência nas universidades, isso é uma maldade", afirmou.
O ex-prefeito de São Paulo também defendeu o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
"Tem que adiar para os alunos conseguirem concluir o ensino médio, se não a coisa fica muito desigual", sinalizou.
Ciro Gomes
Questionado por Amadeu Campos sobre o movimento feito por Ciro Gomes de união entre legendas do centro e da esquerda, e as críticas direcionadas a Lula, Haddad lamentou a postura do pedetista.
"Em primeiro lugar, esta postura vem desde o segundo turno da eleição de18, para minha expectativa quem fosse ao segundo turno contra Bolsonaro, receberia o apoio; tive só 20 dias de campanha, vamos supor que se eu não tivesse passado, eu não iria para a Europa viajar, morar, jamais deixaria o país numa hora destas, mas jamais desrespeitei; agora porque essa ofensa a Lula toda semana? Para que ficar xingando Lula? É uma pessoa que resolveu ofender todo mundo, ofender 2 milhões de filiados do PT. Ás vezes é uma coisa na política que não faz bem, para crescer você não precisa ofender ninguém", afirmou.
Enfrentamento à pandemia
Haddad criticou a ausência de um pacto entre o Governo Federal e os Estados para o combate ao novo coronavírus, destacando que o presidente Jair Bolsonaro está mais preocupado em defender os filhos do que nas ações contra a Covid-19.
"Tô 100% de acordo com o governador Wellington Dias, há 20 dias atrás já deveria ter um protocolo, se o Bolsonaro tivesse liderança havia chamado os prefeitos e governadores há 4 meses atrás para assinar um pacto. Vai ter demissão em massa se continuar assim, já tá tendo, acho que ele está mais preocupado com os filhos dele, do que os filhos da nossa terra, seus eleitores, é uma pessoa que efetivamente não está talhada para o cargo que ocupa", comentou.