Famílias vivem há 6 meses em galpão no Residencial Esplanada em Teresina

Ao todo, 15 famílias ocupam o espaço utilizado para a construção do conjunto, mas estão ameaçadas de ficarem desalojadas

SEM GALPÃO | Estrutura privada não pode mais abrigar famílias | Raissa Moraes
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No residencial Teresina Sul II, bairro Esplanada, 15 famílias enfrentam um grave problema habitacional e estão em situação de abandono pelas autoridades. Tudo começou quando um grupo de famílias se apropriou de algumas residências do conjunto habitacional financiado pela Caixa Econômica Federal.

De acordo com esses moradores, os proprietários não compareciam para ocupar o imóvel e sem ter para onde ir, muitos invadiram as casas. Mas logo foram expulsos com mandado judicial e encaminhados a ocupar galpões da construtora responsável pelas obras do residencial.

A maioria só passou a ocupar o local seis meses atrás. Mauro Sérgio de Carvalho é uma das pessoas que vivem no local com a esposa e os filhos. Ele conta que no ato de despejo, os oficiais de justiça avisaram que a Prefeitura de Teresina viria em seguida para organizar a moradia das famílias em um prazo rápido.

?A Prefeitura só veio aqui para fazer um levantamento das pessoas e já faz muito tempo. Enquanto isso, estamos vivendo com total insegurança, com tentativas de arrombamento frequentes e muito desconforto. A estrutura é completamente precária para alguém viver aqui, mas não temos para onde ir?, disse o rapaz, que está desempregado.

No local existem aproximadamente 20 crianças que, além de conviverem com a pobreza e as péssimas condições do local , convivem com os animais que invadem as casas, como escorpiões e cobras que aparecem com muita frequência.

Se não bastassem todas essas condições, a construtora que cedeu o local tem pressionado os moradores, com a justificativa de que precisam da estrutura do galpão para outro empreendimento imobiliário. ?Aos poucos eles estão retirando os tetos de metal de alguns alojamentos sem famílias.

Só não tiraram de onde nós moramos porque seria um pouco demais. Nos sentimos muito mal com esta situação que não se resolve?, reclama Mauro Sérgio.

A estrutura encontrada é de um local impróprio para moradia, com riscos de goteiras, fragilidade contra arrombamento, inclusive com algumas janelas quebradas. O espaço entre o teto e as paredes é o que mais assusta as famílias, pois a condição facilita invasões por bandidos.

Em todo o galpão existe apenas um banheiro que é dividido por quase 60 pessoas. A reportagem do jornal Meio Norte tentou entrar em contato com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEMDUH), mas não obteve êxito.

Primeira ocupante vive desespero com filhas

Boa parte das famílias vivem no local apenas há seis meses, mas Antônia Gonçalves da Silva, 37 anos, se mudou para o galpão há quase um (1) ano, sendo a primeira a ocupar o local.

O espaço do galpão é dividido também com funcionários de uma empresa de ônibus que faz linha no local. Os funcionários utilizam o ponto como terminal de ônibus e são os únicos que ajudam Antônia e a família a sobreviver.

"Eu vivo aqui com meus seis filhos e uma neta. Não tenho nenhum tipo de assistência ou recebo benefícios do Governo. Minha única fonte de sustento é o almoço que eu vendo diariamente para os motoristas e cobradores que param aqui. Além disso, eles me fornecem cesta básica todos os meses e assim estou mantendo a casa".

Antônia relata, ainda, a situação de temor que a família vive diariamente. "Nesta casa, praticamente são somente mulheres que vivem aqui e tenho receio do que pode acontecer com minhas filhas.

O teto é improvisado demais, as portas e janelas frágeis, qualquer um pode entrar. Quando chove nada fica seco dentro de casa e os insetos invadem. Além de tudo, eu sinto medo de exigirem que eu saia daqui".

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