O programa habitacional ?Minha Casa Minha Vida? vem realizando o sonho de muitos brasileiros que através dele conseguiram a tão almejada casa própria. Pessoas que viviam no aluguel e agora tem seu imóvel próprio. Entretanto, na prática nem sempre tudo é tão perfeito já que, mesmo preenchendo todos os requisitos da linha de pobreza, algumas famílias não passam pelo sorteio das unidades habitacionais.
O repórter Ricardo Moura Fé visitou algumas vilas e invasões da cidade para acompanhar de perto o drama de famílias que vivem em situações de risco e que estão inscritas nos programas sociais para serem beneficiados com uma casa própria, mas que não conseguem ser sorteados.
O senhor José Silva tenta desde o ano passado ser contemplado pelo ?Programa Minha Casa Minha Vida?. ?Eu já me inscrevi, minha cunhada também se inscreveu e eles me disseram que tinha que ser sorteado. Minha cunhada até foi sorteada, mas aí eles disseram que tinha que dar um dinheiro e a gente não tem muito esclarecimento e o que sabemos é que não deu certo fazer pela Caixa?, conta.
Na invasão Mário Covas está cheio de histórias parecidas. ?Eu me inscrevi e disseram que só precisava se inscrever apenas uma vez e nunca me deram resposta, já fiz até uma carta para o Lula e recebi a resposta para levar lá na SDU e até hoje nunca ganhei nada, aí quando acontece uma invasão que nem essa a gente vem porque não tem onde morar. A gente tem criança, paga aluguel e se não tivesse essa despesa já ia usar esse dinheiro para comprar comida?, conta Kátia Maria, dona de casa.
Pior do que tentar uma casa pelo programa e não conseguir, é saber que tem pessoas que possuem condições financeiras e mesmo assim ganharam uma casa pelo programa. No Residencial Bem Viver, por exemplo, a prestação de um apartamento está na média de R$ 25 a R$ 30 reais. Contudo, há denúncias de que a grande maioria das pessoas que lá vivem possuem carro do ano e não são de fato carentes. Em muitos desses conjuntos populares o estilo de vida dos moradores denuncia que algo está errado já que a maioria conta com centrais de ar condicionado, tv por assinatura e parabólicas.
Em entrevista concedida ao vivo para o programa Agora, Anísia Teixeira - que faz parte da Associação de Moradores do Conjunto Jacinta Andrade - denuncia que em vários conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida há pessoas que estão se beneficiando financeiramente com a comercialização dos imóveis que deveriam atender à pessoas carentes.
?Já fizemos várias denúncias dessa situação junto ao Ministério Público Federal e Estadual e acho que eles estão pouco atuantes nessas questões, mas é visível o quanto tem pessoas que não se enquadram no programa, mas que ainda assim conseguem ser beneficiadas com casas do Minha Casa Minha Vida. É preciso que haja uma investigação mais forte e que evite que pessoas que não precisam sejam agraciadas?, conta Anísia Teixeira.
Ela ainda destaca que, as pessoas que não precisam não tem interesse em morar nas residências e acabam deixando as casas fechadas e ociosas.