Uma cabra virou o "xodó" de uma família em Peruíbe, no litoral de São Paulo. O animal, geralmente encontrado em zonas rurais, foi comprado há mais de três anos pela família Gonçalves, que já recebeu até propostas para vender a cabra. Rastucha, como foi batizada, acabou virando um animal doméstico como outro qualquer, ganhou o carinho dos donos, a simpatia dos comerciantes e a amizade de cachorros e gatos.
Tayrã Gonçalves, de 19 anos, é um dos donos de Rastucha. Ele mora com a mãe, a avó e os três irmãos em uma casa na rua Beira Rio, no bairro Ilha Grande. O jovem conta que Rastucha já está com a família a cerca de três anos. A irmã mais nova dele, que tinha sete anos na época, viu o vendedor de cabras na rua e pediu para a avó comprar um animal daquele para ela. ?Tinha um monte de cabras. Minha irmã queria essa?, conta Tayrã. Darcy da Silva Gonçalves quis agradar a neta e levou a cabra pra casa.
O jovem conta que a avó, que chama de mãe por ter lhe criado, acabou se apegando a cabra. Com o tempo, o animal acabou sendo domesticado pela família. Nos primeiros meses, Rastucha ficava dentro de casa e dormia perto dos donos. Durante um incêndio na casa, Rastucha ficou presa e não conseguiu se soltar para fugir do fogo. Na hora do acidente a família estava fora de casa e um vizinho a salvou. ?Ele viu a fumaça e tirou a cabra. Já tinha queimado ela um pouco. Ela tem uma orelha meio queimada, inclusive?, conta Tayrã.
Agora, Rastucha ganhou um sofá que foi colocado do lado de fora da residência, ao lado do bar da família. A cabra passa boa parte do dia no sofá, no quintal e acompanhando o movimento da rua. Quando a Darcy fecha o bar, Rastucha vai para dentro de casa.
A cabra está acostumada a comer milho e pão e tomar banho toda a semana. ?É como se fosse cuidar de uma criança. Eu acho que ela cuida mais da cabra do que de mim. Para ela é um xodó. Se a cabra ficar longe, ela fica doente?, conta o jovem sobre o apego entre a sua ?mãe? e Rastucha. A família teve propostas para vender a cabra, mas nunca aceitaram. Darcy já recusou vários bens materiais em nome do carinho que tem por Rastucha. ?Já tentaram oferecer pra ela um terreno e R$ 5 mil em troca da cabra e um carro fusca, mas ela não vende de jeito nenhum. Ela tem amor pelo animal.?, fala Tayrã.
Os outros moradores do bairro gostam de Rastucha. Isso inclui os outros animais domésticos. A cachorra Pretinha e a gata Nina vivem em harmonia com a cabra. Elas se dão bem e até tem momentos de brincadeira. ?A cachorra brinca com a cabra e a cabra com a cachorra?, diz. Rastucha é mansa e esperta. Ela aceita carinho dos moradores e comerciantes que passam por onde ela fica. Dentro de casa, ela demonstra o carinho, principalmente por Darcy. ?Esses dias ela conseguiu se soltar e acordar a minha mãe na cama?, conta.
O menino também comenta que os amigos tiravam sarro dele por ter uma cabra de estimação. Todos acham muito diferente criar um animal destes. ?É bastante diferente, até demais. Eu acho meio esquisito eu acordar de manha cedo e dar de cara com uma cabra?, finaliza Tayrã.