A família de Kemilly Vitória Pereira de Souza está em busca de ajuda para a filha, que tem 2 anos e 8 meses. Ela nasceu com o corpo coberto de pelos, que foram escurecendo ao longo do tempo. Atualmente, somente as palmas das mãos e os pés da menina não apresentam as pelugens. ?Logo que ela nasceu, estranhei a quantidade de pelinhos, mas achava que era normal e com o tempo ficariam invisíveis. Mas não, a situação piorou cada vez mais e agora ela está completamente coberta?, conta a mãe, a dona de casa Patrícia Batista Pereira, 22 anos.
Os pais moram em Augustinópolis, no Tocantins, mas buscaram tratamento em Goiânia, onde estão desde o último dia 17. De acordo com a mãe, a menina começou a ser submetida a exames assim que completou 1 mês de vida, ainda na cidade natal. ?Fizemos de tudo o que se possa imaginar. Raio-x da cabeça, eletrocardiograma, ultrassom pélvico e abdominal, sem contar aqueles que eu nem entendo o nome. Os médicos achavam que ela tinha alguma doença que poderia ter desencadeado o crescimento, mas ela é saudável e nenhum apontou problema?, explicou.
Após diversas consultas médicas, segundo Patrícia, os médicos disseram que o caso de Kemilly é raro e estaria ligado a algum descontrole hormonal. Depois disso, a criança passou por diversos especialistas, até ser encaminhada a uma dermatologista que desconfiou que o problema dela poderia ser genético.
?Na nossa cidade ninguém entendia o que acontecia com a minha filha. Aí, quando ela tinha 1 ano, fomos até a cidade de Imperatriz, no Maranhão, visitar uma médica que era conhecida de uma cunhada. Já estávamos sem esperanças, pois todo mundo falava que não tinha o que fazer, mas a doutora nos encorajou e disse que ela poderia ser tratada. No entanto, a gente tinha que procurar uma geneticista?, relatou a mãe.
Desde então, ela toma um remédio para tentar reduzir os pelos. ?Infelizmente, parece que não houve efeito, pois ela continua peludinha e parece que não para de aumentar?, disse Patrícia, que ressalta que a menina tem uma vida normal. "Ela é ativa, gosta de brincar, fala sobre tudo, come bem. O problema só aparece quando a gente precisa sair com ela de casa e todos começam a olhá-la com espanto. Por enquanto, estamos contornando a situação, mas até quando?", questionou.
Com isso, a família voltou para Augustinópolis e tentou pedir ajuda da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins, pois na cidade não havia a especialidade na rede pública de saúde. ?Eles nos disseram que não podiam fazer nada lá e nos enrolaram bastante tempo alegando que os pedidos médicos da Kemilly tinham se perdido. Aí eu passei a me informar e decidi seguir para Goiânia, onde mora meu irmão. Procurei o governo mais uma vez e eles nos ajudaram com as passagens de ônibus. Estamos nos virando com o restante das despesas por aqui?, afirmou o pai da criança, o eletricista Antônio de Souza, 34 anos.
Na capital, a família conseguiu uma consulta para a menina no Hospital das Clínicas, onde, segundo eles, foram solicitados 13 exames. ?O problema é que a maioria é pago, pois não há disponibilidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Felizmente, houve repercussão do caso e algumas pessoas nos ofereceram ajuda. Do total, faltam apenas quatro para serem feitos. Mas já nos garantiram que o problema dela não é hormonal e talvez possa ser tratado com uma espécie de depilação a laser?, explicou o pai.
Como o eletricista também tem muitos pelos no corpo, ele acredita que o problema da criança seja genético. ?Eu também nasci assim, todo peludo. A diferença é que eu sou homem e isso foi encarado por todos como um fator normal. Mas no caso dela, que é menina, o excesso já incomoda e queremos resolver a situação antes que ela chegue na idade escolar?, destacou Souza.