Falta d’água causa caos em comunidade na zona Norte de Teresina

Os moradores do local estão tendo que encher vasilhames durante a noite, em bombas improvisadas, para suprir a falta do líquido que não chega às torneiras durante o dia

Falta d"água | José Alves Filho
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Os moradores do conjunto Jacinta Andrade, zona Norte de Teresina, convivem com o problema da falta d’água todos os dias. A população vê-se obrigada a mudar a rotina para se adequar à situação, indo encher baldes em bombas improvisadas durante a noite para poder beber, cozinhar, tomar banho e lavar a roupa. Com o sofrimento de não ter água nas torneiras, o que não falta mesmo são os talões da conta d’água, que chegam, sem falta, todos os meses. No B-R-O-BRÓ, com temperaturas nada amenas, aí que a situação piora ainda mais sem água.

A moradora Michela Veras é uma das poucas que têm água na torneira, mas a quantidade não é suficiente: “Aqui na minha casa ainda pinga, mas durante os finais de semana nem isso. Quando falta de vez, tenho que andar seis quadras para buscar água em uma torneira que não falta”, relata. Ela afirma que a situação já foi pior, mas que ainda assim é preocupante, pois muitas pessoas da região continuam sem abastecimento, como Lucinete de Andrade, que conta com a ajuda do cunhado para ter água dentro de casa:

“Perto das eleições tinha água, pra adular o povo, mas depois que passou voltou a faltar água de novo. A gente pega água perto da parada final, porque na torneira mesmo não sai nada. E nesse calorão fica ainda mais difícil”, reclama. Lavar roupa é praticamente um luxo na região do Jacinta Andrade, tanto que a família de Lucinete é obrigada a mandar as roupas sujas para a casa de familiares no bairro Dirceu.

Denilson Santos, que quando foi abordado pela reportagem estava no árduo trabalho de ir buscar água para abastecer sua casa e a da vizinha – isso já lhe rendeu um problema de coluna –, disse que os moradores recebem ameaças: “Nos lugares que têm água, a gente vai buscar sofrendo ameaça. O pessoal de lá diz que não pode, que estamos roubando água”, diz. Ele estranha, ainda, o fato das casas que não são ocupadas terem água: “As casas onde não mora ninguém tem água, mas onde tem gente morando não tem. Moro aqui há dois anos e não tenho água na torneira”, ressalta Denilson.

Abastecimento será solucionado com ETA

Procurada pela reportagem, a Águas e Esgotos do Piauí S/A (AGESPISA) encaminhou nota de esclarecimento, que informa que o abastecimento de água do Residencial Jacinta Andrade melhorou de forma significativa com a perfuração de um quarto poço, com vazão de 25 mil litros por hora.

O poço entrou em operação no dia 5 de setembro e está funcionando com um gerador até que a ligação de energia seja feita pela Eletrobras. Na semana passada, o equipamento apresentou problemas e a oferta de água foi reduzida por dois dias, o que prejudicou o abastecimento de algumas casas, especialmente aquelas localizadas nos pontos mais altos do conjunto. Mas segunda-feira (20) o gerador voltou a funcionar normalmente.

Porém, a intermitência no abastecimento do Residencial Jacinta Andrade e de toda a região da Santa Maria da Codipi será solucionada após a conclusão da obra da nova Estação de Tratamento de Água, obra que está sendo executada pelo Instituto de Desenvolvimento do Piauí (IDEP). O residencial também será beneficiado com a construção de um reservatório com capacidade para 800 mil litros.

Na mesma nota, a AGESPISA informou que a irregularidade no abastecimento em algumas quadras é decorrente do alto consumo de água, provocado pelo aumento no número de ligações clandestinas da ocupação de terra próxima ao local. Algumas lideranças comunitárias se comprometeram a ajudar no trabalho de conscientização dos moradores para a redução do desperdício.

Moradores planejam manifestação

Alguns moradores estão comprando bombas para suprir a demanda de suas casas, mas nem todo mundo tem condições para isso. Sendo assim, resta o sofrimento diário de ir buscar água longe.

Alguns moradores, inclusive, planejam uma manifestação para chamar atenção das autoridades para a situação vivida pelos moradores do Jacinta Andrade: “Nós vamos nos mobilizar e fazer uma grande manifestação, eles vão ter que dar alguma satisfação para gente. Porque do jeito que está não dá!”, explica Antônio Carlos Macedo.

Quem de certa forma se “beneficia” com a situação são os comerciantes que vendem galões de água mineral. Segundo o comerciante José Carlos Lima, os galões esgotam logo pela manhã, e durante esse período mais quente associado ao abastecimento ineficaz nas casas as vendas do produto aumentam em até 70%.


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