Menos de 24 horas depois do atentado contra o deputado federal Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência, notícias falsas sobre o episódio ganharam grande repercussão nas redes sociais. Surgiram narrativas de que o atentado teria sido forjado ou, em outro extremo, teria sido arquitetado pelo PT. Em ambos os casos, não há elementos que sustentem as afirmações.
Uma das páginas que difundiram fake news sobre o ataque foi a Plantão Brasil, com mais de 1,1 milhão de seguidores no Facebook. Vinculada a um site de mesmo nome, a página fez seis postagens em menos de 24 horas afirmando que Bolsonaro não havia sido esfaqueado e classificando o incidente como “fake”.
Outros posts também responsabilizavam os discursos feitos pelo candidato do PSL pelo incidente. A Plantão Brasil frequentemente é citada em estudos sobre redes de notícias falsas no Facebook. Um deles é de autoria dos pesquisadores da USP Pablo Ortellado e Marcio Moretto Ribeiro, que publicaram uma matéria a respeito na revista “Época” no fim de agosto. Nele, a Plantão Brasil aparece como integrante de um núcleo que conta com outras cinco páginas. Juntas, elas alcançavam 1,3 milhão de usuários. Segundo Ortellado, o ataque a Bolsonaro desencadeou uma guerra de narrativas nas redes sociais, com grande proliferação de fake news.
O discurso, embora falso, teve ampla aceitação entre os usuários nas redes sociais. Um levantamento feito Diretoria de Análise de Políticas Públicas (DAPP) da Fundação Getúlio Vargas mostrou que, até as 9h de ontem, foram registradas mais de 1,7 milhões de menções no Twitter sobre o assunto, das quais cerca de 690 mil (40,5%) colocavam em dúvida a veracidade do atentado. Nos tuítes, os usuários se referiam a ele como “fake facada”. A Plantão Brasil não divulga quem são seus administradores.
Segundo o levantamento da DAPP-FGV, uma das postagens sobre o episódio com maior repercussão no Twitter foi feita pelo pastor Silas Malafaia, apoiador da candidatura de Bolsonaro. Na mensagem, ele afirma que Adélio Bispo de Oliveira, autor do ataque, é “militante do PT e assessora a campanha de Dilma (Rousseff) ao Senado”. Porém o suspeito não é integrante de nenhum partido político no momento. Até 2014 foi filiado ao PSOL, mas não há nenhuma evidência de que atue em prol da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff.
Malafaia afirmou que, ao usar a palavra assessor, quis dizer que Adélio fazia campanha para a petista. "Não estou falando que ele era empregado de Dilma, nem funcionário de Dilma", afirmou. "Cada um entenda o que quiser. Com todo respeito, não vou ficar dando justificativa para ninguém", disaprou.