Os primeiros meses de 2019 foram marcados por grandes quantidades de chuvas em diversos pontos do país, provocando enchentes, árvores caídas, ou até mesmo situações mais graves, como risco de rompimento de barragens e sangramento de açudes. De acordo com balanço do Sistema de Monitoramento e Alerta Climatempo (SMAC), muitas capitais do Brasil, com destaque para o nordeste, sofreram e ainda sofrem com o período chuvoso no Brasil.
O maior destaque é São Luís, capital do Maranhão, que terminou o mês de março com aproximadamente 775 mm acumulados e teve o março mais chuvoso desde 1970. Além de São Luís, março de 2019 teve grandes volumes acumulados em Salvador, Maceió, Belém, Rio de Janeiro e Brasília. O acumulado em algumas destas capitais foi o mais elevado em pelo menos 5 anos.
Em Salvador, pela medição automática do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) choveu cerca de 300 mm. Desde o ano de 2005 não chovia tanto chovia tanto assim em março na capital da Bahia. Já no caso de Maceió, o INMET registrou aproximadamente 195 mm, o maior valor para março desde 2009 quando choveu 205,8 mm.
No Piauí e em sua capital não é diferente: a estação meteorológica automática registrou aproximadamente 420 mm, 46% acima da média climatológica para o mês. E detalhe, os piauienses podem esperar por mais chuvas futuras, pois a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) de atividade moderada, entre 2°S e 5°N no Atlântico, forma áreas de instabilidades favoráveis às chuvas no estado. Há risco de chuva forte e as pancadas de chuva continuam frequentes nos próximos dias.
Riscos e estragos
Assim como no Ceará, que falaremos a seguir, a situação do estado do Piauí é crítica em relação ao que a chuva tem causado. O prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), e o prefeito de Luís Correia, Kim do Caranguejo (PSB), decretaram nesta quarta-feira (04), estado de emergência em seus municípios por causa das enchentes e alagamentos nas duas cidades, uma a capital e a outra no litoral piauiense.
Segundo Firmino Filho, o decreto de estado de emergência em Teresina se deu em decorrência das fortes chuvas ocorridas nos últimos dias e do aumento do volume dos rios que cortam a cidade.
A medida caracteriza uma situação emergencial para dar agilidade burocrática nas ações das Superintendências de Desenvolvimento Urbano (SDUs) e na Defesa Civil do município. O prefeito de Luís Correia, Kim do Caranguejo, afirmou que decretou a situação de emergência no município por causa das enchentes.
Segundo ele, cerca de 400 famílias estão desabrigadas, sendo que apenas 30 famílias quiseram ir para abrigos, em creches municipais com casas com mais de um metro de altura de água. Isso sem cidade de Parnaíba, também no litoral do estado, que sofreu com fortes chuvas que acarretaram em enchentes em diversos pontos do município, deixando 1.200 família alagadas.
A Defesa Civil do município de Parnaíba e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí estão em alerta monitorando as áreas atingidas. A preocupação agora é maior porque além das chuvas persistirem o solo já está bastante encharcado e o Rio Igaraçu e Parnaíba, que cortam o município ameaçam transbordar e causar mais estragos.
O reservatório da usina de Boa Esperança, localizada no município de Guadalupe ( 352 km ao Sul de Teresina), ficou próximo de atingir a capacidade máxima de armazenamento de água. De acordo com a última medição disponibilizada pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), referente a 31 de março, o volume útil é de 82.99%. Já em Valença do Piauí, moradores registraram em vídeo o sangramento da Barragem Mesa de Pedra, onde deixou moradores em pânico e alagou casas e bares próximos da região.
Em relação aos grandes rios do Estado, a preocupação maior é com o Rio Poti, que nessa segunda-feira (01) atingiu, no município de Prata do Piauí, a cota média de 7.28 metros, segundo a Chesf. A vazão média da água é de 1166m³/s.
Com citado, a situação do nosso estado vizinho Ceará também é alarmante. De acordo com a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) cerca de 29 reservatórios de água no estado que atingiram 100% do volume total neste ano. Parte da zona Norte do Estado ficou em alerta.
E assim como nos outros pontos do país, As fortes chuvas que se concentraram desde o início do ano, fizeram com que afluentes, barragens e açudes aumentassem consideravelmente o nível das águas. O temor atual vivido pelos cearenses é pelo rompimento de uma barragem que fica a 40 km de distância de Santana do Acaraú, no Município de Morrinhos.
Defesa Civil do Estado foi acionada. Técnicos estão avaliando as condições de todos os reservatórios, sejam eles particulares ou os que são monitorados pela Cogerh. Conforme Maranhão, hoje (4), um representante da Cogerh se junta à Defesa Civil, à Prefeitura de Santana do Acaraú e ao proprietário do açude para uma nova avaliação da barragem. A Prefeitura montou um gabinete de crise, e a Defesa Civil está monitorando as áreas de risco.
Um outro ponto que sofreu com a chuvas foi Ubajara, conhecida por seu turismo efervescente. No dia 16 de março, cerca de dois mil moradores em torno da barragem Granjeito, na comunidade rural de Ubajara, foram retiradas por um risco de rompimento de uma represa do rio Jaburu. Por conta das chuvas, um parede cedeu, gerando o risco do possível rompimento.
Inclusive, a capital do Estado, Fortaleza, vêm sofrendo os impactos da força da natureza: ruas alagadas, carros ilhados e enchentes tem se tornado comum nos últimos dias nos noticiários locias.
Alertas
Assim como nos outros Estados, a Defesa Civil têm se posicionado diante dessas situações. A Defesa Civil de Teresina fez um alerta para que alguns trechos da cidade sejam evitados na hora de chuva forte ou até meia hora depois delas, quando a água escoa.
A recomendação é não sair de casa em situação de forte chuva. “Nós reforçamos que a população deve manter relação próxima com a Defesa Civil de Teresina, por meio de ligação gratuita para o número 153. No momento atual, estamos em fase de monitoramento tanto da situação das áreas de risco, 56 estão sendo monitoradas na capital, como das famílias que possuem casas em situação de risco de desabamento”, informa Sebastião Domingos, coordenador do órgão.
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