Durante os quatro dias de Carnaval, as pessoas costumam exagerar na exposição ao barulho característico dessa festa popular e precisam de alguns cuidados especiais com a saúde. Para evitar transtornos durante essa verdadeira maratona de folia, é necessário ter uma atenção redobrada com o corpo e a saúde auditiva, já que os foliões que gostam da agitação dos bailes, sambódromo e de correr atrás do trio devem saber das possíveis consequências do barulho em excesso. Geralmente depois da exposição exagerada da audição, muitas pessoas sentem aquele zumbido irritante.
Esse é um sinal de que a audição está comprometida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) condena o volume acima de 85 decibéis. Geralmente, os equipamentos utilizados nos trios elétricos chegam a 120 decibéis. Para os ouvidos, é como ficar bem próximo de uma turbina de avião. De acordo com o otorrinolaringologista Tovar Luz, o folião deve redobrar a atenção depois da festa, se estiver com dificuldades para ouvir. "Caso a pessoa esteja com a sensação de ouvido tampado ou zumbido e desaparecer em até 12 horas a lesão é temporária e foi revertida pelo próprio organismo. Quando os sintomas persistem além desse tempo, é necessário procurar um especialista na área", explica o otorrino. A maioria das pessoas, principalmente jovens, não tem preocupação com sua audição na hora da folia. Dados da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (SBO) demonstram que 15 milhões de pessoas em todo o país têm algum tipo de perda auditiva.
Quem tem colesterol alto, diabetes, histórico familiar de surdez ou faz uso de alguma medicação que possa afetar o sistema auditivo tem chances maiores de ter uma lesão irreversível nos casos de excesso de barulho. As recomendações dos otorrinolaringologistas não agradam muito aos foliões, como usar protetores auditivos na hora da folia, como fez a cantora Cláudia Leitte, que inclusive recebeu milhares de críticas por usar os protetores auditivos durante o ensaio da escola de samba onde é rainha de bateria. Sons acima de 85 decibéis podem provocar lesões irreversíveis e somatórias na cóclea, que é um órgão da audição.
Em uma bateria de escola de samba, que é o caso do local onde a cantora estava, o barulho pode chegar a 130 decibéis. A partir daí, já se configura trauma acústico de acordo com o médico. O otorrino ainda explica que, além de proteger sua audição, ela ainda preserva sua garganta. "Por conta da profissão dela, ela tende a diminuir a capacidade auditiva, forçando cada vez mais as cordas vocais para cantar mais alto, porque se deixa de ouvir o volume total da sua voz", afirma o especialista. Tovar Luz ainda dá uma outra alternativa para quem não quer perder nenhum momento da folia. "Uma dica para amenizar problemas que esse tipo de situação pode ocasionar, é intercalar os momentos de ficar perto e longe do som. Dar um descanso de meia hora, no mínimo, assim diminuem as lesões".