EUA dizem estar “totalmente prontos” para atacar novamente a Síria

Disseram que se o governo sírio usar de novo armas químicas atacam

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Os Estados Unidos estão "totalmente prontos" a atacar novamente a Síria se o governo de Bashar al-Assad usar armas químicas novamente, disse Nikki Haley, embaixadora do país na ONU, durante a reunião do Conselho de Segurança neste sábado. A reunião foi convocada pela Rússia, que teve negado o pedido de condenação ao ataque de forças americanas, britânicas e francesas pelo Conselho. Na operação, os países lançaram mais de 100 mísseis em resposta à suspeita do uso de armas químicas contra civis na cidade de Douma pelo governo de Bashar al-Assad.

— Acreditamos que conseguimos paralisar o programa de armas químicas da Síria. Estamos prontos para manter esta pressão. Se o governo sírio usar gás venenoso novamente, os Estados Unidos estão totalmente prontos — disse Haley.

Entre os 15 membros que o compõem, apenas três apoiaram a medida — Rússia, China e Bolívia. Oito se opuseram — EUA, Reino Unido, França, Kuwait, Suécia, Holanda, Polônia e Costa do Marfim —, e quatro se abstiveram de votar — Peru, Cazaquistão, Etiópia e Guiné Equatorial.

O enviado russo deixou claro o descontentamento com os EUA, falou em "hooliganismo na área internacional" e sugeriu uma resolução do Conselho exigindo que cessem quaisquer ataques à Síria.

Neste sábado, o presidente americano Donald Trump disse que a missão foi cumprida, comemorando a "perfeita execução" do bombardeio conjunto no Twitter. Ele agradeu França e Reino Unido pelo apoio e pelo resultado, que "não poderia ter melhor".

Já a Rússia moderou o tom, com o presidente Vladimir Putin dizendo que o ataque tornara ainda pior uma situação já catastrófica na Síria. Moscou está em contato com os Estados Unidos e demais países que participaram dos ataques, informou neste sábado o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, segundo a agência de notícias RIA. Ryabkov também disse em uma entrevista ao jornal "Kommersant" no sábado que Moscou estava interessada em cooperar com Washington sobre a Síria.

A ação de EUA, Reino Unido e França recebeu apoio, em geral de países ocidentais, como a Alemanha, mas foi visto com cautela por outros, como a China. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, que antes era contrária a uma ação contra a Síria voltou atrás e apoiou, neste sábado, os ataques aéreos dos Estados Unidos, França e Inglaterra como uma ação "necessária e apropriada" para alertar Damasco contra o uso de armas químicas.

— Apoiamos o fato de que nossos aliados americanos, britânicos e franceses tomaram responsabilidade desta forma como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — disse Merkel, que havia descartado a participação da Alemanha em qualquer ação militar contra a Síria antes dos ataques.

Já o Ministério das Relações Exteriores da China se ôpos ao uso da força nas relações internacionais. O porta-voz do ministério, Hua Chunying, disse que qualquer ação militar que contorne o Conselho de Segurança da ONU viola os princípios e normas básicas do direito internacional. O país acredita que um acordo político é a única maneira de resolver a questão síria e pediu uma investigação completa, justa e objetiva sobre os supostos ataques com armas químicas na Síria.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também havia descartado a participação do país numa ação militar na Síria, mas deu seu "apoio inequívoco" aos ataques aéreos das forças americanas, britânicas e francesas. Trudeau acrescentou que o Canadá vai continuar a investigar o uso de armas químicas na Síria e que os responsáveis pelos ataques recentes "devem ser levados à justiça".

— O Canadá apoia a decisão dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França de tomar medidas para degradar a capacidade do regime de Assad de lançar ataques com armas químicas contra seu próprio povo — disse.

A Otan manifestou apoio aos bombardeios logo após o anúncio da operação. Num comunicado, o secretário-geral, Jens Stoltenberg, disse que a ação "vai reduzir a capacidade do regime de voltar a atacar o povo da Síria com armas químicas".

O porta-voz do governo turco, Mahir Unal, disse, numa entrevista transmitida pela CNN Turquia, que o país foi informada antes dos ataques contra a Síria. Mais cedo, uma fonte do Ministério das Relações Exteriores turco descreveu os ataques aéreos como uma resposta "apropriada" contra o governo turco.

SECRETÁRIO DA ONU: CAUTELA NA RETALIAÇÃO

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou os ataques químicos como "absurdos" e "horríveis", mas pediu cautela na retaliação expressando a preocupação de que qualquer escalada da violência no país aumentaria o sofrimento de quem vive na Síria.

"Peço aos Estados-membros que demonstrem moderação nessas circunstâncias perigosas e evitem quaisquer atos que possam agravar a situação e agravar o sofrimento do povo sírio", disse num comunicado.

Para o Iraque, os bombardeios contra alvos militares sírios podem dar ao terrorismo uma oportunidade de se expandir na região. Segundo o jornal "The Guardian", o ministro das Relações Exteriores classificou o ataque como um "desenvolvimento muito perigoso".

— Tal ação pode ter consequências perigosas, ameaçando a segurança e a estabilidade da região e dando ao terrorismo outra oportunidade de expansão depois que ele foi expulso do Iraque e forçado a entrar na Síria para recuar em grande medida — disse.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, chamou os ataques à Síria de "crime militar". Segundo a agência de notícias IRNA, Khamenei falou numa reunião com autoridades iranianas e embaixadores de países islâmicos.

"O ataque contra a Síria nesta manhã é um crilme. O presidente americano, o presidente francês e a primeira-ministra britânica são criminosos, não vão ganhar nada com isso", disse pelo Telegram.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu manifetou "apoio total" aos ataques conjuntos:

"Há um ano afirmei que Israel dava seu apoio total à decisão do presidente Donald Trump de se mobilizar contra o uso e propagação de armas químicas", disse o premier em comunicado, garantindo que continua a defender o mesmo posicionamento. "Deve ficar claro para o presidente (sírio) al-Assad que seus esforços implacáveis para adquirir e usar armas de destruição massiva, seu inaceitável desprezo pelo Direito internacional e seu acordo com Irã e seus aliados para se estabelecer militarmente na Síria põem em perigo a Síria.


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