O Zika vírus é capaz de infectar e danificar rapidamente células cerebrais em desenvolvimento de fetos, disseram cientistas nesta sexta-feira em um estudo que mostra um vislumbre de como o vírus pode causar microcefalia, uma má-formação craniana, em fetos expostos no ventre.
Os pesquisadores disseram que o estudo oferece indícios de um elo causal direto entre o Zika e a microcefalia, mas que identifica onde o vírus pode estar infligindo mais dano nos fetos em desenvolvimento.
O vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, infecta um tipo de célula-tronco neural que futuramente forma o córtex cerebral, a camada exterior do cérebro responsável pelas habilidades intelectuais e pelas funções mentais superiores, mostra a pesquisa.
Os cientistas descobriram que estas células, expostas ao vírus em recipientes de laboratório, eram infectadas em três dias, se transformavam em "fábricas de vírus" para replicação viral e morriam mais rápido do que o normal.
Tang disse que o estudo sugere que o vírus é capaz de provocar o dano visto na microcefalia. O Zika foi ligado a casos de microcefalia no Brasil e está se espalhando rapidamente por nações da América Latina e do Caribe, levando a Organização Mundial de Saúde (OMS) a decretar uma emergência de saúde pública mundial no dia 1o de fevereiro.
Mas ainda se desconhece muita coisa sobre o Zika, inclusive se o vírus de fato causa microcefalia. O Brasil declarou ter confirmado mais de 640 casos de microcefalia, e considera que a maioria deles está relacionado a infecções de Zika nas mães.
Tang disse que serão necessários novos estudos para provar se o Zika causa microcefalia ou não. Atualmente os pesquisadores criam em laboratório o que chamaram de "mini-cérebros" compostos de células-tronco para ver como o vírus pode afetar o desenvolvimento durante um período longo de tempo.