Estudo inédito revela presença de cocaína em tubarões no Brasil

Pesquisa inédita realizada por cientistas brasileiros encontrou vestígios de cocaína e seu metabólito benzoilecgonina em tubarões capturados nas águas do Rio de Janeiro.

Droga foi encontrada no organismo dos 13 tubarões capturados para pesquisa | Reprodução/IOC/Fiocruz
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Pesquisadores brasileiros identificaram cocaína e benzoilecgonina em tubarões nariz-afiado (Rhizoprionodon lalandii) no Brasil. O estudo, publicado pela revista Science of The Total Environment em julho de 2024, foi conduzido pela Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Fundação Oswaldo Cruz. O dado chama atenção para a alta quantidade da droga que é consumida na cidade e descartada no mar via esgoto sanitário.

O QUE REVELOU A PESQUISA?

A pesquisa analisou 13 tubarões capturados nos mares do Rio de Janeiro. Os resultados revelaram que todos os tubarões analisados testaram positivo para cocaína, enquanto 92% apresentaram benzoilecgonina. As concentrações de cocaína nos músculos dos animais foram três vezes maiores do que no fígado, indicando uma distribuição diferenciada da substância no organismo dos tubarões.

MAIS ACHADOS

O estudo também destacou diferenças na presença das substâncias entre machos e fêmeas. Nas fêmeas, as concentrações de cocaína nos músculos foram significativamente mais altas em comparação aos machos, sugerindo uma metabolização diferenciada da droga no organismo das tubarões fêmeas.

IMPACTO

“No Brasil, estudos já detectaram a contaminação de água e alguns poucos seres aquáticos por cocaína, como mexilhões. Nossa análise é a primeira a encontrar a substância em tubarões”, descreve o farmacêutico Enrico Mendes Saggioro, um dos pesquisadores à frente do achado inédito, juntamente com a bióloga Rachel Ann Hauser-Davis, ambos do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do IOC.

Recentemente, um estudo conduzido pela Universidade Federal de São Paulo e a Universidade Santa Cecília, em São Paulo, apontou altas concentrações de cocaína na água da Baía de Santos e apontou que a droga pode causar problemas nas células e no material genético de mexilhões. 

EFEITOS NA SAÚDE HUMANA?

Em relação à saúde humana, o farmacêutico Enrico Mendes Saggioro, um dos pesquisadores à frente do achado inédito, juntamente com a bióloga Rachel Ann Hauser-Davis, acreditam que são necessárias pesquisas específicas para responder essa questão. 

“O contato do banhista com a água é esporádico e ele também não utiliza a água do mar para se alimentar ou beber. Por isso, acreditamos que o risco para o ser humano seja mínimo”, ressalta Enrico. 

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