Discriminação sofrida por mulheres negras no ambiente escolar foi o tema abordado na dissertação de mestrado da mestre Ana Carolina Magalhães Fortes, madrinha da 12ª Parada da diversidade deste ano, ao lado do desembargador Paes Landim. O título do estudo é ?A educação escolar e não escolar: experiências da mulher afrodescendente?. O estudo tem a pretensão de investigar as experiências de vida, na escola e fora dela, de lésbicas afrodescendentes que vivem em Teresina.
Segundo Ana Carolina Fortes, foram estudadas 03 mulheres entre 25 e 30 anos que de alguma forma vivenciaram graduação: uma no começo, uma no meio do curso e uma já graduada. Outro filtro utilizado pela mestre foi o envolvimento com os movimentos sociais. Por isso uma das mulheres era militante, outra acompanha as discussões do movimento e outra é alheia aos movimentos sociais LGBT. Para a autora do estudo este grupo que sofre vulnerabilidades no que se refere a três aspectos: a cor, o gênero e a orientação sexual.
?Existe um intercruzamento destas características que são estigmas muito fortes na nossa sociedade. Na verdade, a questão é mais complexa do que juntar estas 03 características. Elas passam por muitas discriminações dentro e fora da escola?, observa.
Ana também alerta que as instituições de ensino deve apoiar estas mulheres que são fragilizadas pelo preconceito.
?As instâncias educacionais e pedagógicas deve apoiar essas mulheres para que fortaleçam suas identidades e autoestima. A escola ainda é muito silenciosa e tímida na abordagem desse tema. Isso se deve a má formação dos professores e também da sociedade que é preconceituosa. A escola é um retrato da sociedade e só vai evoluir juntamente com a sociedade?, declara.
A militante e coordenadora de assuntos institucionais do Grupo Matizes, Carmen Ribeiro, avalia que a pesquisa que este tema é bastante pertinente e necessita ser explorado. ?A pesquisa foi excelente e abordou um aspecto super relevante. O ambiente escolar ainda é muito preconceituoso e muitos jovens sofrem bullyng. Eu sou lésbica negra e quero minha especifidade respeitada. A doutora Ana Carolina teve uma sensibilidade enorme. Foi um trabalho bem feito sobre aquelas que sofrem múltiplo preconceito?, avalia.