A decisão do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJPI), Hilo de Almeida, de determinar que a Secretaria de Estado da Fazenda, empenhe créditos da Construtora Sucesso que totalizam mais de R$ 56,6 milhões, traz a tona dois fatos: Primeiro, o Estado é bom pra cobrar, seja impostos, ou multas, mas é mal pagador e hoje força as empresas a terem que entrar na Justiça para que possam receber pelos serviços que prestaram. Segundo, que há pouco controle nos pagamentos estatais, ou melhor, há um verdadeiro descaso no trato com os recursos provenientes do erário público.
A Sucesso alega que entre as obras executadas pela empreiteira estão o Aeroporto Internacional de São Raimundo Nonato, orçado em R$ 17 milhões (obra iniciada em 1997 e inacabada); a terceira via da ponte Juscelino Kubistchek (obra inacabada, sem os acessos a obra liga nada a coisa nenhuma), na avenida Frei Serafim, orçada em R$ 18 milhões; a duplicação das BR-343 (obra não concluída) e BR-316(obra parada) orçada em R$ 110 milhões; e a duplicação da ponte Wall Ferraz, avaliada em R$ 26 milhões (obra recém iniciada). Em resumo: Nenhuma das obras a serem pagas serão utilizadas pelo cidadão na sua totalidade e alguns casos, não podem ser utilizadas se modo algum.
Construtora vai receber R$ 26 milhões por obra que mal foi iniciada
No embalo de decisões que obrigam o Governo do Estado a empenhar e por conseqüência pagar a credores, que encontram-se com seus pagamentos em atraso, a decisão do probo desembargador Hilo Almeida, de determinar o pagamento de R$ 56 milhões à Construtora Sucesso, evidencia que passaram um “gaga-fogo”(expressão usada para mostrar que alguém induzido a erro) no magistrado. No mandado de segurança, o braço construtor do Grupo Claudino cobra R$ 26 milhões do Governo do Estado pela obra de duplicação da Ponte Wall, que como mostram as fotos ao lado, mal foram iniciadas.
O lado mais triste deste fatídico episódio da história financeira do Estado, é que, centenas de pequenos empresários estão com seus bens penhorados, ou indo à falência por conta do calote dado pelo governador Zé Filho (PMDB), que termina seu mandato hoje e não vai deixar saudades. Pra completar, cerca de 15 mil servidores terceirizados estão com seus salários atrasados, ou seja, o “papai Noel” por falta de dinheiro não deve deixar presentes para cerca de 60 mil piauienses mantidos por esses 15 mil heróis, sendo que alguns deles estão com seus salários atrasados em até 4 meses.
Imagens: Kelson Fontinele