Ela chega devagar e está relacionada a movimentos bruscos do pescoço, longa permanência em posição forçada, esforço ou trauma e até mesmo alterações da ATM (Articulação Têmporo Mandibular). Pode ocorrer também quando há uma doença associada, como, por exemplo, a uma hérnia de disco, bicos de papagaio, formações ósseas anormais. É acompanhada de dor durante movimento e melhora, em repouso. Esses são os sintomas da cervicalgia, popularmente conhecida como torcicolo.
No Brasil, acredita-se que 55% da população sentirá estes desconfortos, sendo que destes, 12% das mulheres e 9% dos homens terão cervicalgia crônica.
Segundo o fisioterapeuta Giuliano Martins, diretor regional da Associação Brasileira de Reabilitação de Coluna (ABRColuna) e proprietário do ITC Vertebral Ribeirão Preto (SP), o paciente com cervicalgia costuma adquirir uma atitude de defesa, rigidez dos movimentos, alteração na mobilidade do pescoço e uma dor localizada no pescoço até a região do ombro ou em todo o membro superior. “O paciente pode queixar-se desde um desconforto leve local e uma sensação de cansaço, até uma dor mais forte e limitante.
O braço, além de doer, pode apresentar mudanças de sensibilidade e força muscular, as chamadas ‘alterações neurológicas’. O paciente refere ao adormecimento de alguma área ou de todo o membro, podendo ser contínua ou desencadeada por algum fator. A fraqueza muscular acontece em casos mais graves ou prolongados, sendo geralmente progressiva. Podem existir também alterações nos reflexos encontrados em algumas inserções musculares no punho, cotovelo e ombro, nos casos mais graves”, lembra.
Tanto no ambiente profissional como no doméstico, os torcicolos podem surgir decorrentes de desordem mecânica, fatores posturais e ergonômicos ou ao excesso de sobrecarga dos membros superiores. “A dor cervical resulta em importante perda na produtividade em certas ocupações e a maior predisposição de lesão associa-se a certos tipos de atividades e à idade. Trabalhos que envolvam movimentos repetitivos de membros superiores e flexão da coluna cervical estão relacionados a esse desconforto”, diz.
O problema pode ocorrer também quando há uma doença associada, como, por exemplo, um pinçamento de um nervo na coluna (hérnia de disco), as doenças dos discos da coluna com osteófitos (bicos de papagaio, formações ósseas anormais). “Muitas vezes os bicos de papagaio se formam devido instabilidade cervical e posteriormente aparece a cervicalgia, acompanhada muitas vezes de degeneração discal e hérnia de disco”, explica.
Colchão e travesseiro influenciam
De acordo com o profissional, o colchão e o travesseiro influenciam na causa e no tratamento porque quando muito baixos ou muito altos causam desconforto e dor devido ao desalinhamento do pescoço. “O importante é dormir de lado com um travesseiro que ocupe o espaço entre a cabeça e o colchão, mantendo o alinhamento correto da coluna cervical”, informa.
Ele ressalta que a fisioterapia poderá ajudar no tratamento, tanto na prevenção quanto no alívio da dor. “Por meio de terapias manuais específicas e mesa de tração conseguimos excelentes resultados. O RMA (Reconstrução Músculo Articular) da coluna vertebral é um programa que utiliza técnicas de fisioterapia manual, mesa de tração eletrônica, estabilização vertebral e exercícios de musculação”, detalha o fisioterapeuta.
O profissional alerta ainda que é vital fortalecer os músculos da coluna e a postura. O tratamento tem esse foco. “Ele visa melhorar o grau de mobilidade músculo articular, diminuir a compressão no complexo disco vértebras e facetas, dando espaço para nervos e gânglios, fortalecer os músculos profundos e posturais da coluna vertebral através de exercícios terapêuticos específicos enfatizando o controle intersegmentar da cervical e ombro. Atividade física regular e a boa postura no trabalho e no lazer podem prevenir o problema”, revela.