O especialista do Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) Higino Aquino, aponta o Piauí e Maranhão como a nova fronteira florestal do País na produção de mogno africano. Segundo ele, o clima quente, terras mecanizáveis e férteis são o atrativo da região para o mogno africano, espécie que é utilizada para produção de madeira nobre para exportação.
“O que atrai muito além do clima quente é o preço das terras também. O Piauí e Maranhão possuem áreas vastas e mecanizáveis. Outro atrativo é a proximidade dos estado de porto para exportação do mogno”, ressaltou. De acordo com Higino, o mogno se desenvolve em regiões com estiagens prolongadas, inviável para culturas agrícolas tradicionais como a soja, por exemplo!
O mogno africano, dentre as espécies florestais plantadas para a produção de madeira tropical nobre tem crescido muito no Brasil, é uma alternativa de investimento seguro e rentável para pequenas, médias e grandes áreas no Brasil.
Higino Aquino explica que a produtividade e o ciclo do negócio florestal pode variar conforme a escolha da espécie, de um modo geral o mogno africano destaca-se pela maturidade biológica da floresta aos 12 anos, enquanto outras espécies podem levar de 18 até 35 anos para para atingir a idade dos primeiros desbastes de madeira nobre madura. Por outro lado o valor comercial extraordinário do mogno (Swietenia macrophilla King) tem estimulado a sua extração na Amazônia Brasileira há muitos anos e o Mogno Africano por sua vez vem ocupando espaço neste mercado.
Segundo o diretor de desenvolvimento institucional, diferentemente dos mognos africanos, existem poucos projetos de povoamentos homogêneos de sucesso com o Mogno Brasileiro - S. macrophilla, na maioria dos projetos foram prejudicados pelo ataque da Broca das Meliáceas - Hipsphila robusta, indicando em povoamentos heterogêneos. “A cada dia mais pessoas físicas e empresas, munida de informação, recursos e assessoria técnica investe em reflorestamentos, e silvicultores tradicionais buscam garantir o fornecimento ao mercado madeireiro. Investimentos florestais em regiões ainda não habituadas com o cultivo do mogno, tornam-se disseminadores de conhecimento e experiência necessária para desenvolver novos projeto florestal”, ressaltou.
Com relação a necessidade de terra para desenvolver um projeto florestal de mognos africanos, verifica-se maior viabilidade em projetos superiores a 5 hectares, é preciso levar em conta quando falamos do tamanho do projeto, em qual mercado pretende-se atuar. No caso da exportação da madeira, é muito vantajoso atuar devido o melhor preço. O mercado europeu e norte americano paga muito bem pela madeira, por outro lado é bastante exigente e normalmente exigem quantidades mínimas e continuidade no fornecimento. Isso é possível quando falamos de povoamentos florestais de mais de 5 hectares ao ano, já os povoamentos inferiores a 5 hectares poderão atender o mercado doméstico de madeira.
Higino revela que uma das decisões mais importantes a ser tomada em um negócio florestal é com relação a área a ser utilizada. Contratos de arrendamentos e parcerias para o desenvolvimento do projeto floresta pode ser a solução, estes instrumentos devem ser construídos com base no Estatuto da Terra e legislação pertinente.
“Por outro lado também pode ser levado em conta a aquisição do imóvel rural, seja fazenda, sítio ou chácara. Existem casos que é possível adquirir a área recém reflorestada ou em sistema de condomínio, terceirizando a manutenção para empresa especializada. Atualmente existem modelos de projetos que é possível adquirir a área e contratar uma reflorestadora especializada para fazer a implantação e manutenção do povoamento florestal”, aponta.
No Brasil o negócio florestal pode ser desenvolvido por pessoas físicas, enquadradas como produtor rural, que possui registros fiscais e contábeis específicos através do CPF, não sendo necessário fundar uma empresa, ou como pessoa jurídica, com inscrição no CNPJ e demais registros legais.
Mognos no Brasil
Nos povoamentos florestais de mognos no Brasil encontram-se em maior quantidade o K. ivorensis, estima-se que mais de 7 mil hectares já tenha sido plantado desta espécie, já as variedades K. senegalensis e K. anthoteca não possuem estimativa oficial de área plantada, contudo sabe-se que é a área plantada destas espécie é menor. No Piauí, o destaque fica com a espécie Khaya senegalesis, por resistir o período de estiagem sem perder a produtividade.
Os mognos africanos foram introduzidos no Brasil na década de 70 e difundidos nas décadas de 80 e 90, sendo utilizados em áreas de reposição florestal e plantios experimentais promovidos pela Embrapa em várias regiões do Brasil.
Um aumento maior de projetos de mognos ocorreu na última década, impulsionado por um conjunto de circunstância. Fatores como o aumento da procura por madeiras duras tropicais, a escassez do produto no mercado, o aumento dos custos de extração de florestas naturais e pressões do movimento ambientalista contribuíram no aumento da atratividade dos reflorestamentos.
O perfil dos investidores em florestas de mognos no brasil é variado, desde empresas que optam por fazer a melhor gestão de bens próprios ou pessoas físicas que buscam alternativa de investimento rentável. Uma característica recorrente nos projetos de mognos é o plantio tanto em pequenas, médias como em grandes áreas, variando desde algumas unidades de árvores até centenas de hectares, destacando-se como atividade secundária ou substituindo gradativamente outra cultura na propriedade.
Com a profissionalização do setor e o aumento da oferta de serviços especializados, é comum a cada dia mais pessoas iniciarem novos negócios florestais, e por outro lado, silvicultores tradicionais acostumados com o cultivo do pinus e do eucalipto, estão diversificando seus povoamentos florestais com espécies nobres.
O Brasil é o país mais produtivo no segmento florestal do mundo e quando dizemos isto temos que levar em consideração que uma lavoura florestal destinado a serraria, quando somamos o fator incremento biológico da floresta com o fator aumento do preço da madeira para os próximos 20 anos, torna o projeto florestal cada vez valorizado.
As madeiras tropicais nobres sempre tiveram uma aplicação comercial extraordinária, devido às características tecnológicas e à beleza da madeira. Aplicada na movelaria, faqueados, construção naval, sofisticadas construções de interiores, trabalhos especiais, entre outras. O mercado é exigente e as indústrias reclamam por esta excelente madeira.
A expectativa de aumento florestas nobres plantadas para os próximos anos é alta, levando em conta os recursos disponíveis, condições edafoclimáticas e aumento da demanda por madeiras nobres.
Os estados de MG, MS, SP, GO, MT, BA, ES, PA e RR foram pioneiros a fomentar os mognos africanos, seguidos pelos demais estados da região, Sul, Nordeste e Norte. Atualmente os mognos africanos são cultivados em todos os estados do Brasil. Há que considerar que a ainda requer avanços para que a espécie tenha maior tolerância à geadas. Sítios implantados no oeste de MG, Triângulo Mineiro, Sul de Minas e Norte de Minas apresentaram ótimos resultados, bem como outros sítios implantados em regiões quentes do país. Especialmente em sítios implantados em regiões com geadas leve apresenta boa tolerância.
Os estados do Maranhão e Piauí ganham destaque a nível nacional pelo alto incide de luminosidade e calor, fatores que contribuem para o bom desenvolvimento das lavouras.
Valores estimados para a Implantação de 1 hectare de Floresta de Mogno Africano:
Investimento Inicial: R$17.090,24
Manutenção ao Longo do Ciclo: R$4.939,30
Volume de Madeira Serrada e Extraída: 386,22m³
Lucro Líquido ao Longo do Ciclo: R$1.032.523,38
Lucro Médio Anual por Hectare: R$49.167,78
Higino Martins Aquino Júnior
Empreendedor florestal. É administrador de empresas e diretor de desenvolvimento do instituto brasileiro de florestas, atua na criação e gestão de projetos florestais. Consultor sênior do IBF com mais de 20 anos de experiência atuando no planejamento e gestão de projetos florestais com espécies nativas e nobres. É membro do conselho de administração do IBF e trabalha como coordenador de programas florestais, ministra cursos, treinamentos e palestras via ead e presencial em todo o brasil.