A Escola de Música Dona Gal, mantida pela Associação Amigos da Dona Gal através de doações e editais de cultura, é uma instituição onde as notas musicais dão o tom da esperança. Ao todo, cerca de 600 alunos assistem aulas no espaço, que fica no bairro São Joaquim, zona Norte de Teresina.
A ideia do projeto é evitar a ociosidade infantojuvenil, prevenindo riscos da vulnerabilidade social da região. O projeto busca resgatar jovens de mazelas sociais, como as drogas, criminalidade e prostituição. Sendo assim, prioriza estudantes de baixa renda.
A musicalidade serve como o alicerce para um projeto de transformação social. É sobre despertar novos talentos, gerando emprego e renda. O projeto oferece cursos de educação musical a crianças e a adolescentes das comunidades da grande Teresina, com aulas de coral, violino, saxofone e várias modalidades. Além disso, pessoas de todas as idades têm aula de ginástica localizada e capoeira.
Wanya Sales, diretora da escola, além de professora de violino e canto e coral, explica que a escola funciona com amplo atendimento. "Temos aulas de instrumentos de orquestra, sopro, instrumentos populares como violão e sanfona. Além disso, canto coral infantil, ginástica localizada e capoeira. Somos 25 professores e cinco secretários, voluntários, que tomam conta da matrícula até o controle de entrada e saída de alunos”, revela.
O espaço funciona a partir da boa vontade da comunidade. "Às vezes um edital sustenta seis meses, aí já trabalhamos pelo próximo. Uma família americana fez uma campanha para a gente e conseguimos U$$900. A gente recebe apoio até internacional. Funcionamos nesse prédio, que é cedido pela prefeitura. Nós fizemos a reforma com a Secretaria de Cultura do Estado. E os instrumentos novos foram a partir de uma doação do Rotary, que doaram R$120 mil em instrumentos musicais”, acrescenta.
Uma história de amor à música
Wanya conta que prepara o aluno para o mercado da música. Ela brinca que atende pessoas entre três e 150 anos. "Temos dois alunos no Curso de Música da Universidade Federal do Piauí. Chegamos a ter mil alunos, mas atualmente temos 600. Desde 2015, mais de dois mil alunos já passaram por aqui. Atendemos toda a zona Norte de Teresina, inclusive um que vem de Altos”, revela.
A escola nasceu a partir de uma doação anônima de 9 instrumentos no dia 2 de fevereiro. "Isso evoluiu e minha escola foi crescendo dentro da minha casa. Tivemos repercussão em nível nacional, um programa de tv reformou minha escola”, lembra Wanya.
A música é uma oportunidade profissional para os jovens. "Mesmo como hobby, o adulto ou adolescente se ocupa e sai de pensamentos vagos. A oportunidade de fazer coisa boa e se tornar um excelente profissional, além de tocar na noite, é algo positivo na vida deles”, considera.
Vidas que se transformam
E o projeto segue transformando vidas. Como a de Gilvania Sousa, estudante de 23 anos. Ela está aprendendo a tocar violoncelo. "Venho uma vez na semana. Toco por prazer, gosto muito de vir até a escola. A primeira vez que vim eu me senti muito alegre. Tanto pela escola, como pelo aprendizado do instrumento. Eu enxergo um futuro profissional na música, quem sabe tocar em uma orquestra. A aula é excelente, a gente aprende o ritmo e bate cabeça com a partitura. Estou vindo há um mês”, revela.
Já Ludmyla Araújo, de 15 anos, conta que a música é um hobby que pode se transformar em oportunidade profissional. "Eu gosto muito de violino e quero aprender mais sobre música. Vejo como um hobby novo que comecei faz cinco meses. Penso, na verdade sonho, em tocar em uma orquestra. A professora é maravilhosa e é muito divertida”, aponta para Wanya.
Davitklayver Oliveira, de 17 anos, já tem nome de artista. “É uma experiência muito boa. Eu sempre quis aprender a tocar violino. A Escola de Música Dona Gal foi uma luz na minha vida. Eu pretendo futuramente exercer a profissão, que é tocar violino. Meu maior sonho é esse. A dinâmica da professora Wanya é muito divertida e variada. A aula é só uma hora, mas como a gente pode vir pra praticar, a gente só sai quando a escola fecha”, finaliza.