Escavação irregular apresenta risco de deslizamento na zona Sudeste de Teresina

Empresa fazia extração clandestina em jazida da Prefeitura Municipal de Teresina

Dirceu | Victor Gabriel
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Uma escavação irregular de terra por pouco não provocou um acidente na zona Sudeste da capital. Uma jazida pertencente à Prefeitura Municipal de Teresina, localizada no Residencial Pedro Balzi, estava sendo explorada clandestinamente por uma empresa privada.

O local foi interditado, mas ainda oferece riscos de deslizamento. Há 280 famílias residindo na região. A Superintendência de Desenvolvimento Urbano da zona Sudeste (SDU/Sudeste) notificou a empresa e cancelou qualquer tipo de escavação na área.

“Na última quinta-feira nós fizemos uma intervenção lá. Foi cancelada a jazida e não vai mais funcionar nem um tipo de exploração lá durante este período de chuvas”, explica Odaci Soares, gerente de Fiscalização.

O local era utilizado para a extração de material de construção civil, como barro e seixo. Odaci Soares explica que a empresa estava autuando há alguns anos, mas quando a prefeitura tomou conhecimento, prontamente interveio.

“Estavam fazendo exploração clandestina sem nenhuma autorização. Antes a Prefeitura Municipal de Teresina utilizava a jazida para obras do próprio município”, declara Odaci.

Caso haja reincidência da irregularidade, a empresa estará sujeita a multas e apreensões de maquinário. “A empresa foi notificada e também foi conversado que, caso ainda ocorra qualquer tipo de extração, vamos apreender os equipamentos, multá-los através da STRANS, e também aplicaremos uma multa no valor de R$ 1.153,00, que dobra a cada reincidência”, explica o gerente de Fiscalização.

Em casos de famílias residindo em áreas de risco, a Prefeitura de Teresina faz o encaminhamento para programas como o Minha Casa, Minha Vida. “A SDU/Sudeste também conversou com as famílias que moram naquela invasão, e orientamos que eles não realizem qualquer tipo de construção ali, pois aquela área é de extremo risco”, finaliza Odaci Soares.

População ignora riscos

As pessoas que vivem próximas ao local onde ocorre a extração de minérios desprezam os riscos da área. A ocupação irregular do terreno começou há mais de dois anos e já formou um suntuoso barranco.

A moradora Heline Moura construiu sua casa no local há nove meses e, em sua opinião, o barranco não oferece riscos. Após ser questionada sobre o perigo, argumentou: "A única coisa que podemos fazer é entregar para Deus. Não temos para onde ir", explica.

Mais à frente, um grupo de pessoas que também estão construindo casas na região, mais próximo do barranco que a casa de Heline, zombou do perigo. "Isso aí não cai não, e se cair cai por cima da gente e a gente segura!", brinca um. "Tem gente lá em cima também para não deixar cair", aponta outro.

Extração ilegal continua, diz Associação dos Moradores

A Associação dos Moradores local, representada por Fábio Rogério Melo e João Bosco Rocha, pede a urbanização do local, além da paralisação imediata da extração de minérios da jazida. Isso porque o risco não é só para quem mora embaixo, pois os moradores da parte de cima do barranco também estão ameaçados, o que pode causar uma grande tragédia.

"Eles têm que parar! O risco é muito alto de acontecer uma tragédia. É só a SDU/Sudeste sair daqui que os carros voltam e continuam tirando barro", afirma João Bosco.

Mas, apesar disso, o pessoal da parte de cima está "melhor" que o da parte de baixo. É que as 280 famílias que ali moram já possuem registro com a Prefeitura Municipal de Teresina. "O Firmino assinou dia 17 de janeiro, não esqueço nunca desta data", diz a sorridente Elizandra Lima.

Porém, as revindicações por melhorias naquela área continuam. Além do principal problema, que é o risco de desabamentos, o local carece também de um processo de urbanização.

Atualmente, apenas algumas casas possuem abastecimento d'água, e energia elétrica ainda é um sonho de muitos. "Aqui a gente trabalha muito, não somos uma invasão.

Somos uma ocupação, estamos regularizados. Queremos gente para morar, e não aquelas pessoas que têm casa e vêm para poder vender no futuro", critica Fábio Melo.

 

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