O operário Eduardo Leite, de 24 anos, que teve o crânio perfurado por um vergalhão de dois metros de comprimento na obra em que trabalhava em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, relembrou os momentos que antecederam o grave acidente sofrido na manhã da última quarta-feira (16).
?Eu lembro de ter amarrado o ferro e ter dado o sinal para o rapaz puxar o ferro lá de cima. Aí o rapaz puxou o ferro, aí quando ele puxou o ferro cheguei um pouco para o lado, o ferro foi, escapuliu, e caiu na minha cabeça?, contou Eduardo no vídeo gravado pela produção do Fantástico, da TV Globo, no sábado (18), no Hospital municipal Miguel Couto, na Gávea, onde ele continua internado.
De acordo com os médicos, ele teve muita sorte. Se o vergalhão tivesse entrado um centímetro para trás, o pedreiro teria perdido os movimentos do lado esquerdo do corpo.
?É como se o anjo da guarda dele tivesse de plantão naquele momento. Então, foi milimetricamente projetado para não passar por nenhuma área vital ou de função bem definida?, explica o chefe do Setor de Neurocirurgia do Hospital Miguel Couto, Ruy Monteiro.
Diante da boa evolução do caso, havia previsão de que Eduardo fosse transferido neste domingo (19) para o quarto, Mas os médicos decidiram mantê-lo no CTI. Avaliaram que o risco de infecção ainda é grande e assim o paciente fica mais protegido.
Se tudo continuar correndo bem, Eduardo deverá receber alta nos próximos 10 dias, mas só depois que ele retomar a rotina é que os médicos e a família poderão saber se o acidente deixou alguma sequela ou não.
?Ele pode vir a apresentar uma liberação do humor, ou seja, ele ficar mais engraçado do que ele era habitualmente. Ele pode também alterações depressivas, ele pode ter uma dificuldade de planejar o seu futuro, de relacionamento com a família, com os amigos, algumas alterações desse gênero?, avalia o médico.
Eduardo é casado há dez anos com Lílian, com quem tem dois filhos pequenos. Moram em uma casa de dois cômodos, prestes a aumentar de tamanho. Mas a reforma agora vai ter que esperar um pouquinho.
?A gente ia fazer o banheiro aqui e tirar o banheiro de dentro da cozinha. Aumentar, arrumar a casa, deixar a casa bonitinha para as crianças?, conta Lílian.
A mãe de Eduardo, Dona Maria Duarte, não perde o horário de visita no hospital: ?Até a pé, se for possível, eu venho. Eu quero ele em casa, ele estando em casa, para mim, é melhor?, diz. ?Ele está muito bem, muito bem. Está comendo, feijão, arroz. Não tem febre. Está bem, graças a Deus, está bem o meu filho. Deus foi muito bom na vida dele e os médicos, uma benção. Uma benção!?, agradece.