Equipes das Nações Unidas encontraram neste sábado (16) o corpo do diplomata brasileiro Luiz Carlos da Costa, que ocupava o segundo cargo mais importante da ONU no Haiti, informou o Ministério das Relações Exteriores.
Ele estava desaparecido desde o terremoto que devastou a capital do país na terça-feira (12).
Com isso, sobe para 16 o número de brasileiros mortos na tragédia.
Csta era o brasileiro mais graduado na estrutura das Nações Unidas, segundo o Itamaraty, e o próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, foi quem informou a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti, sobre a morte.
Também de acordo com o Itamaraty, junto com Costa foi encontrado o corpo do chefe da missão, o tunisiano Hédi Annabi. Os dois estavam na sede da Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti), no Hotel Christopher.
Em nota, Ban Ki-moon comentou as perdas. "Sinto-me profundamente entristecido ao confirmar a trágica morte do meu enviado especial ao Haiti, Hédi Annabi. Seu adjunto, Luiz Carlos da Costa, e o chefe interino da Polícia, o canadense Doug Coates, também morreram" no terremoto, diz o comunicado.
O brasileiro era vice-representante do secretário-geral da ONU no Haiti. Ele começou na ONU há 40 anos como mensageiro, foi enviado especial adjunto na missão de paz na Libéria e diretor da divisão de logísticas que apóia o departamento de operações de manutenção da ONU. No Haiti, ele coordenava as atribuições civis da Minustah.
Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro manifestou "profunda consternação" pelas mortes dos diplomatas.
Desastre histórico"
O violento terremoto que ocorreu na terça-feira (12) já deixou um balanço parcial de 50 mil mortos. Na manhã deste sábado (16), a a porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU disse que esse é é o maior desastre que a organização internacional já enfrentou em sua história.
"É um desastre histórico", explicou a porta-voz Elisabeth Byrs em Genebra. "Estamos em um país decapitado, sem estruturas políticas ou governamentais nas quais possamos nos apoiar" para levar adiante os trabalhos de ajuda e resgate, acrescentou.
A porta-voz assegurou que nem mesmo o tsunami que atingiu a ilha indonésia de Sumatra e outros países do Sudeste Asiático em dezembro de 2004, deixando mais de 300.000 mortos, provocou tanto caos.
"Nunca antes na história das Nações Unidas enfrentamos um desastre deste tamanho. Não é comparável a nenhum outro", completou, ao destacar que, ao contrário da tsunami de 2004 na Indonésia, no Haiti restaram poucas estruturas locais para canalizar a ajuda estrangeira.
"Até em Banda Aceh [a região da Indonésia mais atingida pelo tsunami] havia certas estruturas governamentais ou oficiais nas quais podíamos nos apoiar", ressaltou a representante do ONU.
A ONU, que é responsável por coordenar a ajuda humanitária no local após o terremoto de 7 graus que devastou a capital Porto Príncipe na terça-feira, afirma enfrentar "um desafio logístico maior".