A preservação das tartarugas marinhas ganhou um reforço. A equipe do Instituto Tartarugas do Delta (ITD) instalou o primeiro transmissor via satélite em uma tartaruga marinha gigante no Estado do Piauí. As informações coletadas visam entender melhor o ciclo de vida e o comportamento dos animais e podem subsidiar novas recomendações para proteção das espécies.
A primeira tartaruga gigante a ser monitorada é da espécie tartaruga-de-couro. Ela mede 1.68 cm e foi encontrada na praia de Pedra do Sal nesta quarta-feira (19). O animal teve instalado um transmissor em sua carapaça para análises e deverá já emitir sinais da localização no mar. Com o monitoramento via satélite, o estudo identificará áreas de desova, rotas migratórias e investigará se há indícios de mudança no comportamento dessas tartarugas marinhas.
“Trabalhamos com manejo e conservação das espécies de tartarugas marinhas. Os primeiros trabalhos foram identificar as espécies que utilizam a região do litoral piauiense para desovar, depois identificamos as principais áreas de desova e assim entendemos o período que ocorre o comportamento reprodutivo na região que difere de outras localidades no litoral brasileiro”, explica a coordenadora e bióloga do Instituto Tartarugas do Delta que instalou o equipamento, Werlanne Magalhães.
Outros transmissores deverão ser instalados em tartarugas com diferentes tamanhos. Os aparelhos escolhidos permitem obter localizações precisas o que possibilita o acompanhamento da tartaruga até o seu retorno nesta temporada de reprodução. Os dados coletados permitirão ainda entender melhor as variações nos ambientes ao longo de diferentes fases da vida desses animais.
Segundo a equipe do ITD, foram identificados três ninhos de tartaruga-de-couro no litoral piauiense durante a temporada reprodutiva de 2019, sendo um na praia do Arrombado, em Luís Correia, e os outros na praia de Pedra do Sal.
O projeto que atua na preservação das tartarugas marinhas teve financiamento através de um edital de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (Cláusula de PD&I) dos contratos de concessão da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e foi financiado em 2018 pela Shell Brasil para trabalhar com monitoramento via satélite em toda região do litoral do Piauí e do Delta.
O trabalho também é realizado em parceria com Universidade Estadual do Piauí (UESPI), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Secretaria da Agricultura Familiar (SAF), SESC, ICMbio, APA Delta do Parnaíba e Secretaria de Desenvolvimento Rural do Estado.
Desde 2006, os pesquisadores iniciaram um trabalho na região do litoral piauiense para identificar e conservar o local de desovas das tartarugas marinhas. Além disso, outras ações de já vêm sendo realizadas com a instalação de placas de alerta e cercados em torno dos ninhos. A vigilância é feita desde o período da desova até o nascimento dos filhotes.
A bióloga Werlanne ressalta que a manutenção das áreas de desova garante a sobrevivência das espécies. E isso sempre faz a diferença, pois amplia os horizontes em relação à metodologia de preservação. “São animais que passam muito tempo para se reproduzir. O grande desafio e manter esses ambientes de desovas pois os filhotes que nasceram aqui, devem retornar aproximadamente em 25 anos para continuar o seu ciclo de vida”, afirma Werlanne Magalhães.