A endometriose é mais comum do que se imagina. A doença atinge de 10% a 20% das mulheres em idade reprodutiva, afetando mais de 6,5 milhões delas no Brasil, segundo pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Além disso, de 30% a 50% das mulheres com endometriose são inférteis.
Apesar de ser comum, muitas mulheres desconhecem a doença e como ela impacta o organismo, especialmente os órgãos reprodutores. Ela é caracterizada pela presença do endométrio, tecido que reveste o interior do útero, fora da cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos da pelve.
O Dr. César Patez, obstetra e ginecologista em endoscopia ginecológica, tira dúvidas variadas sobre a endometriose. Confira:
Quais são as possíveis causas da endometriose?
A causa ainda não foi totalmente elucidada. Há teorias que relacionam um fluxo menstrual em direção às trompas, podendo assim deixar focos de endométrio fora do útero. Também acredita-se que há uma predisposição da mulher para desenvolver a endometriose, a partir de alterações genéticas. E ainda alterações no sistema imunológico que causam exacerbação de inflamação ao redor desse tecido, resultando em aderências, fibroses e um quadro clínico de dor.
Por fim, existe a teoria de que algumas mulheres já nasceram com células que deveriam pertencer ao endométrio fora dele, processo que ocorreu ainda durante a formação do embrião.
Quais são os principais sintomas da endometriose?
O primeiro sintoma costuma ser a dor pélvica, quase sempre associada ao ciclo menstrual. Outros sintomas bastante frequentes são as dores no período da menstruação, dores no abdômen, dores durante as relações sexuais, dores ao urinar e evacuar, além de cólicas intensas, fadiga e diarreia.
Em qual parte da vida da mulher a endometriose costuma aparecer?
Apesar do diagnóstico ocorrer mais tardiamente (por volta dos 25 a 30 anos), essa doença costuma acometer as pacientes desde a primeira menstruação, estendendo-se até o último ciclo da vida.
Endometriose pode causar infertilidade?
Sim. Existe um potencial de distorção da anatomia pélvica, que quando ocorre, é provocada pela presença de fluido inflamatório. Consequentemente, pode levar a disfunção nas tubas uterinas e ovários, diminuição quantitativa e qualitativa ovocitária, disfunção ou bloqueio no transporte de gametas e alteração na qualidade dos espermatozoides. Por isso, há o risco de causar infertilidade.
Endometriose pode gerar problemas durante a gravidez?
Na gravidez, são liberados altos níveis de progesterona, principal hormônio usado no tratamento da endometriose, geralmente provocando uma diminuição no processo inflamatório. Com isso, há uma remissão dos focos da doença. Se o embrião conseguiu se implantar normalmente no tecido uterino, a gestação não corre risco.
Endometriose tem cura?
A cura ainda é um assunto polêmico quando se trata de endometriose. Isso porque muitas mulheres, dependendo do estágio da doença em que se encontram, conseguem se livrar dos sintomas e incômodos ao longo do tratamento. Outras podem, inclusive, até mesmo não desenvolver mais o tecido do endométrio pelos órgãos do corpo. A menopausa é uma condição que estabiliza a doença, mas não funciona em todos os casos.
Quais são os tratamentos adequados para a doença?
O tratamento da endometriose depende de alguns fatores, como a idade da paciente, gravidade dos sintomas e da doença e se a mulher deseja ter filhos. O tratamento costuma envolver a interrupção do ciclo menstrual, o que normalmente é feito com medicações. Já a cirurgia laparoscópica deve ser considerada em casos de infertilidade e dor intensa ou mesmo quando a doença atinge órgãos vitais, podendo oferecer risco ao paciente.
Como preveni-la?
As dicas para a prevenção ou mesmo para evitar que o problema se agrave, é a mesma para a maioria das doenças: alimentação saudável, exercícios físicos, controle do estresse, entre outras. Também indico diminuir o consumo de bebidas alcoólicas, já que o álcool promove alterações hormonais.