O empresário Marco Gomes desabafou em seu Facebook sobre um caso inusitado que aconteceu com ele. De acordo com os seus relatos, ele foi vítima de preconceito após ter ido com sua bicicleta visitar um prédio luxuoso na Vila Olímpia, na zona Sul de São Paulo.
Segundo ele, ele chegou na São Paulo Corporate Towers com seu ‘veículo’ e vestindo uma roupa própria para os ciclistas, ao adentrar no estabelecimento foi tratado de forma ignorante e rude pelos funcionários e seguranças do local, chegando a tratá-lo com indiferença.
Ele disse ainda que a equipe não queria lhe dizer onde ficava o andar da reunião de sua empresa, e pensaram que ele fosse um entregador. “Me perguntavam o tempo todo onde eu ia fazer minha entrega”, contou. Mesmo após o fim da reunião e usando uma roupa mais social, os funcionários mandaram ele sair por outro local com sua bicicleta, ele ligou para denunciar os devidos responsáveis e foi alertado de que toda a equipe recebe orientação para agir assim.
A administração do condomínio afirmou que o treinamento para os seguranças foi reforçado para que episódios como esse não se repitam. O complexo comentou ainda que considera muito importante o uso de bicicletas, e que inclusive já dispõe de um bicicletário no local para atender a demanda do público.
Leia o desabafo completo do empresário:
Hoje fui de bike ao São Paulo Corporate Towers, ali na Av. JK com a Funchal, nunca fui tão mal atendido por estar de bicicleta. A infraestrutura (bicicletários, obrigatórios por lei) ainda não estão prontos, mas não foi este o problema; o problema mesmo foi o atendimento, como os funcionários do condomínio me trataram.
Por eu estar com uma camiseta própria para ciclismo (jersey), os profissionais da segurança me trataram com desdém e grosseria, fizeram perguntas constrangedoras, dificultaram meu acesso à recepção e evitavam me dar instruções de como chegar no hall de elevadores sociais que dá acesso à recepção. Várias vezes me perguntaram onde eu ia fazer entrega, o que é um problema em si, pois caso eu fosse entregador, deveria ser tratado com respeito e educação como qualquer outra pessoa. Não acreditaram que eu ia realmente fazer uma reunião de negócios no 11º andar e sequer cogitaram que havia uma camisa (com botões!) dentro da mochila.
Após a reunião, já de camisa (com botões!), na saída do prédio eu fui mal tratado da mesma forma após pegar minha bike no estacionamento, usaram vocabulário agressivo e não me deixaram sair pela mesma saída de todas as outras pessoas que usavam carro, me fizeram sair por um outro acesso muito mais longe e inconveniente para meu trajeto. E eu juro p/ vocês que não falei 1 palavra ríspida com eles, respondi tudo de maneira monossilábica e direta, deixei para resolver com o administrador do condomínio. Nestas situações eu não dou carteirada, não digo que eu sou executivo, empreendedor, internacionalmente premiado; se me consideram um entregador por causa da roupa e da bike, que continuem achando isso, mas que me tratem com respeito mesmo assim.
Eu não me sinto humilhado por me confundirem com um outro tipo de profissional, me sinto humilhado por me tratarem com descaso e não acreditarem no que eu falo. E tenho dó dos entregadores de verdade, que devem passar por isso todo dia o dia todo. Já a pessoa da recepção (aquela que entrega crachás) foi muito bem educada, não me tratou mal por causa da minha roupa e até me deu um folheto com o telefone do condomínio, para eu fazer uma ligação e reclamar com o administrador. Liguei no condomínio e expliquei minha experiência, quem me atendeu pediu desculpas e disse que vai fazer um treinamento com os profissionais da segurança. Da próxima vez eu roubo uma Porsche Cayenne ali mesmo no congestionamento da Av. JK e chego “de patrão”, quem sabe assim eles me tratam como gente.