O empresário Thiago Brennand Fernandes Vieira, que agrediu a modelo Helena Gomes em uma academia de luxo em São Paulo, deixou o Brasil. O Ministério Público de São Paulo o denunciou na noite de domingo (4) por lesão corporal contra mulher e corrupção de menores.
A defesa de Brennand alegou que ele viajou para o exterior em voo de carreira "sem que existisse qualquer restrição que o impedisse de se ausentar do país". Os advogados afirmam que o empresário tem data de retorno ao Brasil "e está à disposição de autoridades".
Na denúncia oferecida à Justiça, o MP pediu a apreensão do passaporte do empresário e a obrigação de manter o endereço atualizado.
O promotor ainda representou que o investigado entregasse o documento no cartório da 6ª Vara Criminal. Em caso de recusa, pediu que fosse expedido mandado de busca e apreensão. O pedido não foi analisado pela Justiça a tempo.
Indenização
O MP pediu uma indenização de R$ 100 mil em danos morais para a vítima da academia por conta da infração penal sofrida. O juiz ainda irá se manifestar sobre o caso.
Além disso, o promotor Bruno César Cruz de Assis argumentou também que todas as agressões ocorreram na presença do filho de Thiago e o menino, menor de idade, foi induzido pelo comportamento do pai nas ofensas às mulheres.
"Após os atos de violência perpetrados por seu genitor, 'que seu pai estava lhe cuspindo porque você é uma puta e merecia', repetindo a frase algumas vezes, além de também ofender outra aluna do estabelecimento, que tentou apaziguar a situação, chamando-a de 'puta' e 'vagabunda'", escreveu.
"Estimulado pela truculência do exemplo que lhe foi dado por seu pai momentos antes, ameaçou outro aluno da academia na recepção do local, pelo simples fato dele reprovar o comportamento do denunciado, afirmando para mencionado aluno que era para ele 'calar a boca porque senão também iria levar um pau aqui dentro'", completou.
O MP entendeu que o denunciado cometeu a corrupção do adolescente, o induzindo a praticar os atos infracionais de injúria e ameaça. A defesa de Thiago foi procurada e informou que se manifestará apenas nos autos do processo.
O promotor recomendou medidas para que Thiago não se aproxime ou tenha contato com a vítima, a proibição da entrada de Thiago na academia e a apreensão do passaporte do empresário.
Investigação
O inquérito elaborado pelo 15º Distrito Policial havia sido encaminhado ao Ministério Público e à Justiça, mas o empresário não foi indiciado. Foram ouvidos o suspeito, a vítima agredida, testemunhas e professores da academia.
A polícia solicitou que a academia apresente o vídeo do caso e encaminhou a solicitação de medidas protetivas para a vítima, com a proibição do investigado se aproximar dela e de parentes. O pedido também será analisado pelo juiz.
Anteriormente, a defesa de Thiago Brennand havia dito que ele já prestou depoimento no inquérito, "apresentando todos os esclarecimentos para a plena compreensão dos fatos sob investigação".
"Diante disso, a nova equipe de defesa de Brennand considera absolutamente desnecessário o pedido de medida protetiva protocolado no início do caso. O trabalho da defesa se dará dentro das balizas do bom direito, da civilidade e do respeito à intimidade, integridade e dignidade de todas as partes e testemunhas", diz o texto assinado por Cavalcanti Sion Advogados.
Segundo os relatos, as agressões ocorreram no dia 3 de agosto, numa academia no Itaim Bibi, em São Paulo.
À polícia, a vítima contou que é frequentadora da academia e que desde que entrou foi orientada por outras mulheres a se manter afastada do investigado. Na ocasião em que treinavam no mesmo horário, Thiago teria pegado o número de uma das mulheres e a convidado para sair. Com a recusa, ele teria passado a enviar mensagens ofensivas.
No dia da agressão investigada, o empresário foi em direção a ela e mandou que saísse da frente dele, o que foi recusado. Em seguida, Thiago teria a agarrado pelos braços e uma confusão começou.
Outra vítima relatou à polícia que frequenta a academia, no dia das agressões estava treinando e ouviu a outra mulher falando que “não sairia” com um homem, se referindo a Thiago.
Na sequência, a testemunha contou que saiu do aparelho e foi em direção à vítima. Ela afirma que presenciou o suspeito quando o suspeito a agarrou pelos cabelos e cuspir por três vezes no rosto dela. Um jovem, apontado como filho de Thiago, chamou uma das mulheres de “puta e vagabunda”.
Uma segunda testemunha afirmou ter ouvido o investigado chamar a vítima de "fraca" e "pobre". Um dos professores de musculação disse que não viu a confusão, mas encontrou um tufo de cabelo no chão.
O que diz o empresário
A defesa de Thiago apresentou à polícia a primeira defesa por meio de advogado. Nela, ele informou ser colecionador de armas legalmente cadastradas e registradas na Superintendência de Fiscalização de Produtos Controlados da 2ª. Região Militar (SEPC/2). Em 23 de junho, o acervo teria passado por vistoria de rotina por militares.
Em nova defesa, Thiago afirmou que repudia a versão dada pela vítima. Ele contou à investigação que, no dia da confusão, estava na academia, quando se deparou com a vítima fazendo exercícios em “local inapropriado”.
Segundo ele, havia pedido que a professora da academia falasse com a vítima. Na sequência, a mulher retornou ao mesmo local e causado “uma situação de desconforto”.
Após passar por ela por três vezes, sem falar nada, ele conta que resolveu então pedir que a vítima buscasse outro local para os exercícios. Negou que tenha feito alguma provocação.
Ainda segundo o relato dele, a vítima gritou e o ofendeu, gesticulando com as mãos e dizendo que podia treinar onde quisesse, que o odiava e que “conhecia pessoas que podiam acabar com sua vida”.
Sobre o cuspe, o empresário acusa a vítima de tentar cuspir nele. De acordo com a declaração, ele “teve o impulso de cuspir de volta e empurrá-la para trás”.