Uma série especial produzida pela TV Mirante, intitulada 'Violência Contra Mulher", traz em sua segunda reportagem três histórias de mulheres vítimas de feminicidio, dentre elas o caso da estudante de arquitetura Iarla Lima Barbosa, de 25 anos, assassinada a tiros pelo namorado José Ricardo da Silva Neto, que era tenente do Exército.
A jovem estava na companhia da irmã Ilana Barbosa e de uma amiga, ambas ficaram feridas durante o crime que ocorreu no dia 19 de junho na Av. Nossa Senhora de Fátima, na zona Leste de Teresina, após os cinco jovens saírem de uma festa. José Ricardo teria ficado descontrolado após Iarla Barbosa dançar com amigos no estabelecimento onde o grupo estava se divertindo.
Ainda abalados pelo crime, os familiares não se conformam com o ocorrido. Lucinéia da Silva, mãe da estudante, chora ao lembrar que a filha não teve nenhuma chance de defesa.
“A forma dói demais. Saber que ela não teve defesa de nada. Não teve. Ele foi muito frio”, contou, em entrevista à TV Mirante.
O padrasto de Iarla, Francisco Carvalho, revela que a dor é para sempre. "Arrancou um pedaço. A gente está desestruturado", desabafou.
Ilana Barbosa, irmã de Iarla, foi atingida com um tiro de raspão na cabeça e conta em detalhes como tudo aconteceu.
“Ele falou: você acha que eu não vi, você dançando com todo mundo". Só que ela não tava dançando com todo mundo. Ela tinha dançado só com ele e com dois amigos dele na mesa, como eu tinha dançado com ele e os meninos e minha amiga também. Logo em seguida, quando ele falou isso, já pegou a arma e começou a fazer os disparos para o lado que ela tava e foi rápido, muito rápido. Ele começou a fazer os disparos pra ela e virou e começou a fazer os disparos pra trás e quando ele fez primeiro nela... quando eu olhei pra ela, ela já tava com a cabeça baixa”, contou.
Tenente acusado é expulso do Exército
José Ricardo da Silva Neto foi expulso do Exército no início de agosto e aguarda julgamento em presídio comum. O promotor de Justiça, Ubiraci Rocha, informou que a 14ª Promotoria de Justiça, do Núcleo do Tribunal do Júri, ofereceu denúncia contra o tenente por homicídio consumado triplamente qualificado e por duplo homicídio tentado qualificado por ferir a irmã e amiga da vítima.
“O Ministério Público Estadual denunciou o tenente por homicídio qualificado, com motivação fútil com impossibilidade de defesa da vítima e feminicídio, que é o centro da nossa denúncia. Em relação as demais vítimas que não foram a óbito, felizmente, ele responde por homicídio duplamente qualificado, porque houve impossibilidade de defesa e também pela qualificadora do feminicídio”, disse, em entrevista para Rede Meio Norte.
Promotor diz que ex-tenente irá a júri popular
Segundo Ubiraci, a pena a ser estabelecida pela justiça deve ser 'pesada'. “Quando for submetido a julgamento, como se trata de concurso material, haverá uma somatória se condenado for, uma somatória para todas essas penas para se chegar a sentença final. E certamente será uma pena extremamente pesada”, explicou.
“Ele deve ir a júri popular por ter cometido um homicídio triplamente qualificado e dois duplamente qualificado. Eu não tenho nenhuma dúvida de que ele será submetido ao júri popular. Esse ano é possível fazer a instrução do processo, porque é a fase de colheita de provas, oitivas de testemunhas e pode haver recursos por parte da defesa. A primeira parte, entretanto, será concluída até o final do ano”, finalizou.