Dois apresentadores sérios, atrás de uma bancada, lêem sem piscar, como se estivessem encarando o público, o texto que aparece diante do teleprompter. Não transmitem emoção, raramente fazem comentários, às vezes parecem robôs. Mais importante telejornal da TV brasileira, o ?Jornal Nacional? consagrou este modelo de apresentação de notícias, hoje reproduzido pelas principais redes do país.
Nesta quinta-feira, por coincidência, William Bonner, na Globo, e Ana Paula Padrão, na Record, fugiram involuntariamente do rígido figurino. Um se distraiu e deixou de falar na hora que devia. A outra se emocionou. Ambos fizeram questão de expor os seus lapsos, o que deu um raro tom de humanidade aos telejornais.
Depois da exibição de uma reportagem sobre adoção de crianças brasileiras por italianos, a imagem voltou para Ana Paula, que, visivelmente tocada, disse para seu colega de bancada, Celso Freitas: ?Desculpe, estou te interrompendo. Fiquei emocionada com a matéria, Celso?.
Já Bonner se atrapalhou e deixou de ler a notícia que lhe cabia no ?jogral? depois de Fátima Bernardes. ?Me distraí aqui, Fátima?, comentou ele, com espontaneidade.
Curiosamente, as ?falhas? de Ana Paula e Bonner não aparecem nos sites dos telejornais. No da Record, o espectador pode ver a apresentadora chamando a notícia, mas o vídeo se encerra sem mostrar a sua reação posterior. No site da Globo, que oferece a íntegra do JN, o improviso de Bonner foi cortado, mas naturalmente já se encontra no You Tube.