A população de Teresina iniciou a semana já tendo de enfrentar uma situação complicada, a paralisação de ônibus que teve início nesta segunda-feira (04). Somente 30% da frota de ônibus está rodando normalmente pela cidade e para piorar a situação, a greve não tem previsão certa para acabar, já que os motoristas não conseguiram uma linha de diálogo com empresários; categoria quer reajuste de 8.5% no salário, melhores condições de trabalho e aumento da frota que circula na cidade.
O Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Rodoviário (SINTETRO), Fernando Feijão, fala que a greve será mantida por tempo indeterminado e que a classe aguarda contato das empresas para poder continuar as negociações. “O que foi posto para nós, é que as empresas querem que a prefeitura também entre na negociação, garantindo o subsídio que elas devem receber, mas até agora não falaram nada”, explica o presidente do sindicato.
Para ajudar a população a enfrentar a greve, a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsitos (STRANS) promoveu o cadastramento de veículos que vão atender os usuários durante a paralisação. Os transportes cadastrados seguiram a tabela de valores cobrados e devem respeitar o direito a meia passagem (mediante a apresentação de carteira de estudante) e a passagem franca. R$ 3,85, a inteira e R$ 1,28, a meia.
Francisco Nogueira , diretor de transportes públicos da STRANS informou que ate a manhã desta segunda feira (04), 90 veículos já foram cadastrados e estão rodando pela cidade atendendo a população.
"Nós não temos uma quantidade ideal, afinal quanto mais veículos melhor. Por isso continuaremos o cadastro, queremos diminuir o transtorno da população", informou.
Caso os usuários não tenham seus direitos respeitados, como a meia passagem para estudantes e passagem franca para idosos, eles podem denunciar para a STRANS, informando a placa do veículo, dessa forma o transporte perderá a autorização para rodar e atender a população durante a greve.
Muitos usuários, mesmo com a demora para conseguir embarcar, permaneceram nas paradas em busca do transporte. O estudante André Monteiro usa diariamente o transporte público na capital, ele fala que mesmo com os transtornos, entende a greve como um mal necessário.
"Isso é um direito dos trabalhadores. Essa situação é algo que afeta a todos nós usuários, mas se ela está acontecendo, é por que os trabalhadores realmente tem necessidade das suas reivindicações", disse o estudante.
Usuários denunciam condições precárias dos veículos cadastrados
Usuários do transporte público de Teresina estão reclamando das condições precárias de veículos que foram cadastrados pela STRANS durante a greve desta segunda-feira (04). Um ônibus que faz Mocambinho/Alto Alegre está em péssimo estado de preservação, com o estofado de alguns acentos e até a falta das próprias cadeiras.
Vitória Regina é estudante e precisa do transporte público para poder ir para seu curso. Ela fala que só conseguiu ir para o curso hoje, pois já tinha dinheiro guardado e pode utilizar outro meio de transporte para chegar. “Muitos colegas não vieram para a aula por quer não conseguiram pegar o ônibus a tempo e não tinham como usar outras formas de transporte. Eu sei que é um direito deles, lutar por melhores condições de trabalho, mas acaba afetando pessoas que não estão ligadas a classe”, fala Vitória.
Ela comenta ainda que os veículos cadastrados pela Strans estão ajudando a população, mas alguns deles não respeitam o direito de alguns usuários. “Alguns veículos não permitem o acesso ao passe estudantil, eu mesma já passei por uma situação agora pela manhã que meu direito a meia passagem não foi respeitado. De que adianta ter esses veículos, se o direito não é garantido, acaba que a ajuda se torna mais um transtorno”, comenta.
Lúcia Bezerra/ Jornal Meio Norte