Após o susto de ver um menino recém-nascido dentro da mochila de uma amiga na última sexta-feira (12) em seu ambiente de trabalho, a auxiliar de limpeza do Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, no litoral de São Paulo, Sônia de Moraes Gravata, de 33, tentou explicar a sua reação ao pedir a ajuda para uma moradora do bairro Rádio Clube criar a criança. O bebê foi enviado de táxi, dentro da mesma mochila, para a casa de uma tia dela.
Segundo Sônia, a mãe biológica pretendia se livrar da criança. "Eu só quis salvar a criança, porque ela não queria o bebê. Ela queria até jogar fora e eu não deixei. Minha atitude na hora foi pedir socorro para a minha tia, para ela salvar ele. Eu entrei em desespero", lembra.
Segundo Sônia, a mãe da criança, Marcela Félix dos Santos, de 29, chegou a pedir a ela que conseguisse alguém para ficar com a criança. "Eu cheguei a perguntar o motivo de ela não querer a criança, já que o filho era dela. Ela mais uma vez pediu para eu arrumar alguém para dar o bebê", conta.
Sônia contou ainda quem era o rapaz que também participou da ação, identificado como Clerisson. De acordo com a funcionária do hospital, ele era um paciente que recebeu alta na sexta-feira (11) e que ajudou levando a criança de táxi, dentro de uma mochila, até o Rádio Clube.
Em sua defesa, Sônia alegou que todos os funcionários desconheciam a gravidez de Marcela. "Eu não sou cúmplice dela. Eu nem sabia que ela estava grávida. Ela chegou com essa mochila lá e, na hora, entrei em desespero de ver uma criança recém-nascida dentro de uma mochila. Fiquei em pânico. Nunca vi aquilo. A gente vê em televisão. A gente não vê na vida real. Quando a gente vê na vida real é diferente", se defende.
Sônia agora torce por um bom destino para a criança. "Agora eu estou um pouco aliviada porque ele está bem. Eu quero que ele seja adotado por uma pessoa boa. Se eu tivesse condições, ficava comigo, só que o Juíz não vai querer dar para mim porque eu não tenho casa, não tenho condições. Mas é uma história que só a pessoa passando mesmo para saber. Uma mãe não querer o filho? Dói demais. Eu sou mãe, eu cato latinha na rua, mas não abondono o meu filho. Igual ela fez, eu não faço de jeito nenhum", finaliza.
O caso
Uma jovem de 29 anos deu à luz um bebê, o colocou dentro de uma mochila e o mandou de táxi para a casa de uma moradora do bairro Rádio Clube, em Santos, no litoral de São Paulo. Ela e uma amiga, que a auxiliou na ação, foram detidas por exposição e abandono do recém-nascido e tiveram que prestar depoimento na última sexta-feira (11) na Delegacia da Mulher da Cidade. As duas foram liberadas após o depoimento. O bebê passa bem.