Karoline Maia, a primeira promotora quilombola do Brasil, teve seu nome gravado na porta do gabinete da unidade do Ministério Público em Senador José Porfirio, no Pará, mas sua jornada até lá foi marcada por determinação e superação.
QUEM É ELA? Originária da comunidade quilombola de Jutaí, em Monção, Maranhão, Karoline foi a primeira de sua família a cursar e concluir o ensino superior. Após conciliar trabalho em um escritório de advocacia com estudos para um concurso público, ela foi selecionada para o Projeto Identidade da ANPR, que proporcionou a ela suporte financeiro e preparação para os exames.
“Foi um momento de êxtase, transbordava de felicidade, satisfação e realização não apenas pessoal, mas de toda a minha família, dos meus pais, que não estão mais presentes fisicamente, de toda a minha ancestralidade”, disse a jovem ao ser empossada como promotora de Justiça do Ministério Público do Pará.
PERSISTÊNCIA E DEDICAÇÃO: A jornada de Karoline é uma história de persistência, que encontra suas raízes na luta de seus pais, Erozino Boaventura Maia e Raimunda Bezerra Maia, que, apesar de analfabetos, sonhavam com um futuro diferente para seus seis filhos. Infelizmente, eles faleceram antes de ver Karoline alcançar o status de doutora. Agora, como promotora de Justiça no Pará, Karoline se compromete a garantir os direitos sociais, especialmente das comunidades quilombolas, indígenas e tradicionais, através de sua atuação no Ministério Público.
“Quais os meus planos? Entrar em exercício na comarca e exercer a função com excelência para que por meio do Ministério Público sejam garantidos os direitos sociais em especial da população quilombola, indígena e tradicionais”, finaliza a nova promotora do MP do Pará.
SOBRE O PROJETO QUE A IMPULSIONOU: O Projeto Identidade, do qual Karoline foi beneficiária, está em fase de reformulação. Com o objetivo de promover maior diversidade racial nos quadros do Ministério Público Federal e outras instituições, a ANPR, em parceria com a Fundação Pedro Jorge e a Educafro, busca implantar iniciativas que capacitam e apoiam pessoas negras em sua jornada profissional. Recentemente, a ANPR Raça solicitou à Procuradoria-Geral da República a implementação de um projeto para capacitar candidatos negros para ingresso nos quadros do MPF.