A jovem Vânia Prisco, de 29 anos, que aplicou acrílico em pó para aumentar o glúteo, não consegue perdoar Cecília Tavares, a falsa médica responsável pelo procedimento. Há três meses internada em um hospital da zona norte do Rio de Janeiro e após 37 cirurgias de reparação, a advogada sente falta de coisas simples.
? Ela acabou com a minha vida. É imensurável o que ela me causou, é muita tristeza. Tem dias que acordo melhor, mas tem outros que passo a manhã chorando. Parei a minha vida por causa disso. Não posso trabalhar, não posso malhar, não posso ficar em casa com a minha família.
Vânia espera que a falsa médica pague na cadeia pelo que fez.
? Ela tem que ser presa. Senão vai fazer isso com outras pessoas.
No nome de Cecília Tavares, segundo a Polícia Civil, há dois registros de ocorrência por casos semelhantes. Ela foi indiciada por lesão corporal.
As 37 cirurgias feitas por Vânia já custaram cerca de R$ 50 mil à família somente com gastos de anestesia. A jovem afirmou que só soube que se tratava de uma falsa profissional quando foi até uma delegacia fazer queixa. Ela não fez nenhuma pesquisa anterior sobre a aplicação e não sabia que outras jovens já haviam denunciado o mesmo problema.
O acrílico em pó utilizado pela jovem é liberado pela vigilância sanitária, mas apenas para cirurgias reparadoras, não para procedimentos estéticos. Se for mal utilizado, pode levar à morte.
De acordo com o médico José Horácio, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o acrílico aplicado na jovem é absorvido pelo organismo e nunca mais poderá ser retirado, o que gerou todas as complicações. Ele afirmou que o conselho condena este tipo de cirurgia e orienta que os pacientes façam uma pesquisa antes de se submeterem a qualquer tipo de procedimento estético.