El Niño deve chegar forte e causar efeitos drásticos no clima do planeta

O fenômeno deve desencadear uma série de eventos que pode resultar em fortes chuvas e secas em regiões distintas.

El Niño traz | NOOA
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Um estudo publicado na última quarta-feira (19) estima que o clima quente padrão do El Niño tem 90% de chances de retornar neste ano. A pesquisa usa métodos estabelecidos e embora não tenha sido revisado por pares, é compartilhado por cientistas que acrediram que a desaceleração dos ventos sobre o Oceano Pacífico vai desencadear uma série de eventos que pode resultar em fortes chuvas na Califórnia, ondas de calor na Europa e secas que devastariam as colheitas do Brasil à Indonésia.

"Previmos que será um evento de moderado a forte - acima de 1,5°C", afirmou o principal autor do estudo, Josef Ludescher, do Instituto de Pesquisa do Impacto Climático de Potsdam, na Alemanha.

Após três anos de clima frio padrão do La Niña, a presença do El Niño tornaria as ondas de calor mais quentes e devem afetar os padrões climáticos em todo o mundo. Isso porque o El Niño é caracterizado pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador, podendo se estender desde a costa da América do Sul até o meio do Pacífico Equatorial.

Duração

Durante o fenômeno, que, normalmente, começa a se formar no segundo semestre do ano, as águas ficam, pelo menos, 0,5°C acima da média por um longo período de tempo de, no mínimo, seis meses. Contudo, especialistas afirmam que o fenômeno não tem um período de duração definido, podendo persistir até dois anos ou mais.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), com o fim do fenômeno La Niña, as temperaturas no Oceano Pacífico tropical estão próximas da média histórica desde o mês de março, caracterizando uma fase de neutralidade do fenômeno El Niño–Oscilação Sul (ENSO). No entanto, diversos modelos climáticos internacionais sugerem a persistência destas condições até o final do outono. Uma previsão mais estendida dos modelos aponta para um aquecimento significativo das águas em toda a bacia do Pacífico durante o inverno (junho a agosto).

"Apesar da concordância entre os modelos, ainda existe uma incerteza em relação à intensidade do fenômeno, podendo variar de moderado a forte. A partir do monitoramento da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) na região do Pacífico Equatorial, as projeções dessa variável para os próximos meses indicam uma probabilidade de 75% para a ocorrência de um episódio de El Niño para o trimestre junho, julho e agosto de 2023 ", informou publicação do INMET.  

Impactos do El Niño no Brasil

Segundo o INMET, o El Niño traz impactos distintos. Na faixa norte das regiões Norte e Nordeste, aumenta o risco de seca, já no Sul do país, o fenômeno tende a provocar grandes volumes de chuva. A explicação, segundo o INMET é que a água da superfície do Pacífico, que está muito mais quente do que o normal, evapora com mais facilidade. Ou seja, o ar quente sobe para a atmosfera mais alta, levando umidade e formando uma grande quantidade de nuvens carregadas.

"Logo, no meio do Oceano Pacífico, chove muito e com frequência durante o El Niño. Durante as chuvas, esse mesmo ar quente, agora mais seco, continua circulando e, dessa vez, desce no norte da América do Sul, inibindo a formação de nuvens e, consequentemente, a ocorrência de chuvas em parte do Norte e Nordeste do Brasil. Afinal, o ar que provoca a formação de nuvens é aquele que sobe da superfície terrestre para a atmosfera e não o contrário.", informou o INMET.

Ainda de acordo com o Instituto, na Região Sul, o El Niño aumenta a probabilidade de chuvas acima da média. "A circulação dos ventos em grande escala, causada pelo El Niño, também interfere em outro padrão de circulação de ventos na direção norte-sul e essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo País. Logo, as frentes ficam concentradas por mais tempo na Região Sul do Brasil", informou.

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