A professora que pediu que alunos usassem palha de aço para representar o cabelo de um homem negro em um desenho, em uma escola de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, pediu desculpas e disse que "não quis ofender ninguém".
A docente contou que, antes de aplicar a atividade, enviou um texto às famílias dos estudantes sobre empresas que pedem para funcionários negros alisarem o cabelo, como forma de provocar uma reflexão sobre o racismo.
Após a repercussão do caso, ela foi demitida da escola, administrada pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
"Dou aula há mais de 20 anos, e achei um texto bacana sobre a consciência negra. Fiz um áudio com a intenção de a família ler esse texto para exaltar os negros. O texto falava de empresas que mandavam alisar cabelo, então era para mostrar novas texturas para os alunos para além do liso", afirmou a mulher.
"Eu li esse texto para os pais, pedi que refletissem que nós vivemos em uma sociedade preconceituosa, que temos que quebrar esse preconceito, que o afrodescendente tem que valorizar, sim, o cabelo crespo. Pedi que a mãe refletisse e, em cima disso, eu ia trabalhar uma textura usando o bombril. A minha intenção foi para quebrar o preconceito. Eu não quis ofender ninguém", disse.
A professora falou, ainda, que pediu desculpas aos pais e alunos.
"Pedi perdão, humildemente, perdão a todos que ofendi e, se pudesse, pediria desculpas um a um dos que não gostaram", afirmou.
A atividade escolar foi solicitada para o Dia da Consciência Negra, celebrado no último sábado (20). Pais de alunos protestaram e o caso acabou viralizando no WhatsApp e em outras redes sociais.
Em nota, a Prefeitura de Ribeirão das Neves disse que a Apae é uma instituição filantrópica sem fins lucrativos de direito privado, cujo método de ensino não é definido pela Secretaria Municipal de Educação.
A prefeitura afirmou que tem um vínculo "apenas de apoio à instituição, que presta serviços importantes para o desenvolvimento e acolhimento de pessoas com deficiência intelectual", mas solicitou esclarecimentos sobre o ocorrido.
O município declarou, ainda, que repudia "qualquer ação discriminatória" e que a equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação "se coloca à disposição dos responsáveis pela instituição, se precisarem de orientações e capacitações com os professores".
Segundo a Polícia Civil, até o momento, não há registro dessa ocorrência. Vítimas podem comparecer a uma unidade policial mais próxima ou realizar a denúncia pelo Disque 100 (Direitos Humanos) ou Disque Denúncia 181.