Por longo tempo, nessa árdua batalha de combate e prevenção ao Coronavírus, o Estado do Piauí vem se mostrando de modo correto quanto às medidas adotadas por seus governantes para manter o isolamento social e, desse modo, evitar que a propagação dessa infame epidemia fosse maior do que tem sido.
O Governador Wellington Dias e o prefeito de Teresina, Firmino Filho, embora integrantes de partidos políticos diferentes e adversários, em nenhum momento subiram ao palanque. Adotaram, como se esperava, uma postura firme e coesa, de intensa colaboração, falando a mesma linguagem na proteção de milhares de vidas humanas. O Governador e o prefeito ficaram claramente ao lado da ciência, falaram a verdade às pessoas e deram demonstrações de que estavam ao lado delas no esforço para protegê-las. Isso deu resultados. As pessoas, na sua imensa maioria, se engajaram e colaboraram de maneira exemplar.
Na maior parte dos dias dessa longa e penosa jornada, que se iniciou ainda em março, o Piauí se manteve na liderança entre os Estados brasileiros no que se refere ao isolamento social. O reiterado apelo do Governador e do Prefeito da Capital para que as pessoas ficassem em casa, foi compreendido e atendido. No último fim de semana, por exemplo, enquanto em várias unidades da Federação os índices de isolamento social tenham ficado na casa dos 40%, no Piauí chegou a 53,4%.
Sem essas medidas governamentais e sem o entendimento e a colaboração da população para manter-se afastada das aglomerações, certamente o número de pessoas atingidas seria bastante superior aos mais de 500 mortos e aos mais de 15 mil infectados que já registramos.
Mas é, também, completamente compreensível que muitos setores das atividades econômicas do Piauí, de Teresina, e outras cidades,especialmente os seus serviços essenciais, clamem por uma volta gradativa e planejada à normalidade. E não são apenas empresários e prestadores de serviços que têm esse justo anseio. Sente-se nas próprias pessoas, nas donas-de-casa, nos pais de família, nos consumidores, uma visível vontade de contar com mais serviços e produtos que satisfaçam suas necessidades.
Se foi possível contar com o engajamento das pessoas no isolamento social que vem dando certo, cremos ser plenamente possível contar com essas mesmas pessoas, de forma consciente e responsável, na retomada gradativa de atividades que não envolvam aglomerações e se cerquem dos cuidados essenciais de proteção.
Outras partes do mundo já estão fazendo isso de forma vitoriosa, como é o exemplo de Nova York, nos Estados Unidos, que virou uma posição dramática de epicentro da pandemia, para transforma-se num modelo de isolamento engajado de sua sociedade, e hoje volta às atividades, planejadamente, dando-nos a lição de que é possível fazer do modo que eles vêm fazendo.
É claro, isso envolve participação, boa vontade e muita responsabilidade por parte de empresários, prestadores de serviços, lojistas, profissionais liberais, em plena sintonia com as autoridades públicas. Cercando-se de protocolos rígidos e de fiscalização incessante, podemos ter esse retorno mais cedo do que muitos imaginam. E a própria sociedade, que foi vetor extraordinário no entendimento de que era necessário isolar-se socialmente, certamente poderá exercer um papel relevante na tarefa de fiscalizar e denunciar os transgressores dos protocolos.
Será bom para todos que esta questão crucial seja revista o quanto antes.