O capitalista mais respeitado do planeta está fechando as contas. Aos 94 anos, o lendário investidor Warren Buffett anunciou sua aposentadoria até o fim do ano e confirmou o que já havia declarado em 2006: doará 99% de sua fortuna — atualmente estimada em R$ 951 bilhões (US$ 160 bilhões).
O anúncio, feito por meio de sua carta filantrópica "My Philanthropic Pledge", encerra um capítulo que redefiniu o investimento global e marca o início de outro: usar o capital para reduzir desigualdades em uma escala inédita.
"Ganhei na loteria dos ovários", diz Buffett ao justificar decisão
Na carta, Buffett afirma que nasceu com sorte: "Minha riqueza veio de morar nos Estados Unidos, de alguns genes de sorte e dos juros compostos". Ele reconhece o privilégio de ter nascido homem, branco e em um país desenvolvido em 1930. “Removi obstáculos que a maioria enfrentava.”
Para o bilionário, a decisão de doar não vem da culpa, mas da gratidão. “Se usássemos mais de 1% da minha fortuna para nós mesmos, nem nossa felicidade seria maior. Os outros 99% podem transformar a vida de milhões.”
"Doei pouco do meu tempo", reconhece megainvestidor
Mesmo ao doar praticamente todo o seu patrimônio, Buffett se mostra modesto: “Muitas pessoas fazem mais do que eu todos os dias. Minha irmã Doris ajuda pessoalmente desconhecidos. Eu doei pouco do meu tempo.”
A autocrítica acompanha o reconhecimento de que tempo e atenção são recursos mais escassos que dinheiro: “Presentes desse tipo costumam ser mais valiosos do que cheques”.
Quem é Warren Buffett?
Nascido em Omaha, Nebraska, Buffett começou a investir ainda na infância. À frente da Berkshire Hathaway, ele transformou a empresa em um império com participações em gigantes como Coca-Cola, Apple, American Express e Chevron.
Ficou conhecido por seu estilo conservador, paciência e foco no longo prazo — e por ser um dos homens mais ricos e admirados do mundo.
O seu sucessor na empresa será Greg Abel, que já supervisiona diversas subsidiárias da Berkshire há sete anos.
Como você pode se beneficiar da filosofia de Buffett?
Buffett não doará sua fortuna diretamente para pessoas físicas. A maior parte vai para fundações filantrópicas, como a Bill & Melinda Gates Foundation, que apoiam causas globais como saúde pública, educação e combate à pobreza.
Mas há formas de se inspirar e se beneficiar de seu legado:
Acompanhar os projetos apoiados por essas fundações: muitas oportunidades — desde bolsas de estudo a programas de capacitação — são abertas com esses recursos.
Adotar a mentalidade de Buffett: investir no longo prazo, evitar dívidas ruins, buscar conhecimento e manter a simplicidade.
Reconhecer seus próprios privilégios e usá-los para multiplicar oportunidades para outros — como o próprio bilionário fez.
Um novo tipo de bilionário
Warren Buffett encerra sua trajetória profissional com uma mensagem rara entre os mais ricos: não acumular por acumular, mas redistribuir com consciência.
Num mundo cada vez mais desigual, seu gesto é tanto um exemplo quanto um desafio: quem mais entre os detentores do capital terá a coragem de seguir o mesmo caminho?