Única montadora a optar por manter o alto ritmo de produção no Brasil apesar da crise, a Volkswagen do Brasil quer aproveitar a retomada do mercado para ampliar a atuação no país. O objetivo é aumentar a produção de 720 mil unidades de automóveis e comerciais leves registradas em 2008, para 800 mil unidades neste ano — sem contar os veículos desmontados (CKD) destinados à exportação.
De acordo com o vice-presidente de compras da Volkswagen para a América do Sul, Alexandre Seitz, o grande desafio para atingir esse nível será melhorar a produtividade dos fornecedores de peças. A corrida é contra o tempo. Até 2012 a empresa quer atingir a marca de 1 milhão de unidades produzidas. “Estamos muito felizes, porque é um caminho de sucesso sustentável”, diz Seitz.
A base da montadora para aplicar os investimentos é o potencial do mercado brasileiro, que possui 7,4 habitantes para cada veículo em circulação (o México tem 4,1 habitantes por veículo e, a Argentina, 4,8). Ou seja, quem tiver mais fôlego para abastecer os estoques das concessionárias terá chances de aumentar a atuação no mercado. Atualmente, a Volkswagen tem 23,44% de market share, enquanto a Fiat tem 24,56%.
Assim, a Volkswagen começou intenso trabalho com os sistemistas para redução de custos. Afinal, o aumento da produção irá gerar neste ano R$ 11 bilhões em compras, contra R$ 10 bilhões registrados em 2008 e a montadora pretende aumentar o índice de nacionalização de produtos, para diminuir gastos com logística e controle de qualidade. “Dos custos que temos sem contar os impostos, 78% são com materiais, ou seja, o que recebemos dos fornecedores”, afirma Seitz.
Ao todo, a montadora conta com 500 fornecedores de produção e 2 mil indiretos. De acordo com o executivo, a ideia é aumentar o índice de nacionalização de todos os produtos fabricados no Brasil. A nova geração do Gol, por exemplo, passaria a ter 85% de peças fabricadas no país, contra 78% atualmente. Dessa forma, a montadora deixará de importar R$ 1 mil por unidade.
Garantia de peças
O executivo afirma que a Volkswagen ainda não sofre com a falta de peças, entretanto, a produção possui um “gap” de 20%, que precisa ser corrigido. “Trabalhamos em três turnos, que em cinco dias cumprem a produção necessária. Os outros dois dias são para flexibilizar a produção de acordo com a demanda do mercado”, explica Seitz, sobre a necessidade de se investir nos fornecedores para que acompanhem o ritmo de produção e consigam atender o aumento da demanda de veículos novos e do mercado de reposição.
Controle dos preços dos carros
No bolso do consumidor, isso não significa que os preços dos carros irão cair, mas também não aumentarão substancialmente, o que ajuda e muito a Volkswagen a atrair novos clientes. Outro fator que facilita essa equação é a queda dos preços de commodities como polipropileno (plástico), aço e alumínio, forçada pela redução da demanda mundial devido à crise. Neste ano, essa diminuição de preços chegou a 15% no caso do polipropileno e a 23% no do aço.
Segundo Alexandre Seitz, se os preços dos insumos aumentarem no mercado brasileiro devido à recuperação em relação à crise, a montadora comprará matéria-prima da Europa. “Na Europa não há esse movimento de aumento de preços. Se for preciso, importaremos de lá”, diz. Premiação Para estimular a melhoria contínua, a Volkswagen premiou na noite desta quinta-feira (5) os 14 fornecedores com melhor desempenho. Segundo a empresa, neste ano ganharam a 10ª edição do Volkswagen Supply Award os fornecedores Denso do Brasil, Robert Bosch, Inylbra tapetes e Veludo, Dupont, GKN do Brasil, GME General Equipmants, M Shimizu Elétrica e Pneumática, ZF do Brasil, NSK Brasil, Takata-Petri, Expresso Mirassol, Steelcoat pinturas Industriais e Umicore Brasil. Entre eles, o principal destaque foi para a Denso do Brasil.