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Veja quais são as cidades com maior renda per capita no Brasil; a sua está na lista?

Dados do Censo 2022 mostram que cidade de Minas Gerais lidera o ranking de renda no país, enquanto a de Roraima aparece com os menores índices.

Cidade de Nova Lima localizada na região metropolitana de Minas Gerais | Foto: Reprodução/Internet
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Nova Lima, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte, aparece como a cidade com maior renda média do Brasil, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE. Conhecida por sua forte presença na mineração e por abrigar bairros residenciais de alto padrão, a cidade mineira alcançou uma renda média mensal por trabalhador de R$ 6.929, considerando ganhos formais e informais. Quando observada a renda domiciliar per capita, que inclui moradores sem renda própria, o valor chega a R$ 4.300 mensais.

Na outra ponta do ranking, está Uiramutã (RR), município localizado na tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana, considerado o mais indígena do país. Por lá, a renda domiciliar per capita é de apenas R$ 288,65 mensais, uma diferença de quase 15 vezes em relação à cidade mais rica do país.

Uiramutã - Roraima é a cidade com menor renda - Foto: Divulgação

Desigualdade estrutural ainda persiste

Apesar de o mercado de trabalho brasileiro ter mostrado melhora desde 2022, os dados do Censo revelam desigualdades profundas entre as regiões. Enquanto em 520 municípios (9,3% do total) o rendimento médio do trabalho era inferior a um salário mínimo (R$ 1.212, valores de 2022), apenas 19 cidades registraram médias superiores a quatro salários mínimos.

De acordo com o levantamento, 75,5% do rendimento domiciliar brasileiro vem do trabalho. No entanto, 77% dos municípios estão abaixo dessa média. Em Uiramutã, por exemplo, apenas 51,9% da renda das famílias vem do trabalho, o que indica forte dependência de benefícios sociais e aposentadorias.

O pesquisador do IBGE Bruno Mandeli destacou que as cidades com maior renda geralmente estão próximas de grandes centros urbanos.

“São cidades de porte médio dentro de regiões metropolitanas e local de residência de pessoas de renda maior”, explicou Mandeli.

Nordeste concentra municípios mais dependentes de programas sociais

Os dez municípios com menor participação da renda do trabalho no total dos ganhos domiciliares estão no Nordeste, seis deles no Piauí. O pior desempenho é o de Vera Mendes (PI), onde apenas 23% da renda vem de atividades laborais. O dado evidencia que grande parte das famílias depende de programas sociais para garantir o sustento.

Município de Vera Mende no Piauí - Foto: Divulgação/Prefeitura de Vera Mendes (PI)

Enquanto isso, o Centro-Oeste aparece com o cenário oposto. O estado de Mato Grosso domina o topo do ranking das cidades em que a renda do trabalho tem maior peso. Em Querência (MT), por exemplo, 93,7% dos ganhos domiciliares vêm do trabalho, reflexo direto da força do agronegócio na região.

Reflexo das desigualdades regionais da economia

Para o economista Bruno Imaizumi, da consultoria 4intelligence, as diferenças de renda são consequência das disparidades no desenvolvimento regional.

“O mercado de trabalho nunca é causa, mas consequência. As desigualdades regionais da economia se refletem diretamente na renda das famílias”, afirmou.

Mesmo com a taxa de desemprego nacional chegando a 5,8% no segundo trimestre de 2024, uma das menores da história, os contrastes regionais ainda são expressivos. Santa Catarina, por exemplo, registrou 2,2% de desemprego, enquanto Pernambuco apresentou 10,4%.

Melhora recente, mas desigualdade ainda alta

O diretor do Centro de Políticas Sociais da FGV Social, Marcelo Neri, avalia que os dados do Censo 2022 ainda refletem um momento de estagnação na redução das desigualdades.

“Em 2023 a pobreza cai, mas a desigualdade só cai em 2024 e 2025. As boas notícias, olhando para o país como um todo, só vão chegar mais recentemente”, afirmou.

Neri lembra que, após o avanço da “classe C” entre 2000 e meados da década de 2010, a crise de 2014-2016 e a pandemia de Covid-19 ampliaram novamente as disparidades. Os dados mais recentes da Pnad Contínua mostram que a renda vem crescendo, especialmente no Nordeste, mas ainda é cedo para afirmar se essa melhora se traduzirá em redução das desigualdades regionais.

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