Há uma ampla oferta de esquemas duvidosos ou fraudulentos de investimentos para incautos atrás de ganhos fáceis e rápidos.
Pirâmides financeiras e manipulações de ações, as ocorrências mais comuns, casam a má-fé dos golpistas com a ingenuidade ou desconhecimento das vítimas.
Atualmente, os ganhos proporcionados por investimentos de renda fixa, com risco de perda mais baixo, variam entre 0,41% ao mês, como no caso da poupança (pelas regras novas), e 0,6% ao mês, a exemplo de alguns CDBs e fundos DI. Na melhor das hipóteses, portanto, o investidor vai ter um ganho anual em torno de 7% (sem considerar impostos e taxas de serviço).
Já no universo da renda variável (ações), com risco de perdas muito mais alto, o ganho médio é de 19% por ano, conforme uma pesquisa do instituto Assaf (especializado em assuntos financeiros), com base no desempenho da Bolsa de Valores ao longo de uma década.
"Não faz sentido existir uma alternativa de investimento que pague melhor que a renda fixa e possua risco similar ou inferior. Se isto fosse possível, todo mundo migraria para este investimento "milagroso", diz Alexandre Caldas, especialista da Trader Brasil Escola de Investidores. "A realidade é que risco acompanha retorno, e portanto, grandes rendimentos sem risco não são possíveis", afirma.
A tentação do ganho fácil
Algumas pessoas são atraídas pelos esquemas de pirâmides, ou porque não percebem como o esquema todo é insustentável, ou porque ignoram que entraram em uma operação desse tipo.
Como regra geral, pirâmides são apresentadas como esquemas de negócios em que uma pessoa paga um valor de entrada e recebe comissões por acrescentar outras pessoas à operação, que envolve um produto ou serviço "diferenciado".
O esquema não se sustenta porque o negócio foi feito somente para gerar pagamentos para quem está no "topo" da pirâmide (os criadores da operação) e não através da comercialização de um produto, como qualquer negócio normal. Em algum momento, a entrada de novos sócios se esgota e muitos ficam com um "mico" na mão -um produto que não se vende ou um serviço que ninguém quer.
"As pessoas deveriam desconfiar de qualquer negócio em que a principal atividade é acrescentar gente, e não gerar valor", diz o professor da Fundação Getúlio Vargas Samy Dana.
Ações podem ser manipuladas
A Bolsa de Valores também pode ser um manancial para golpes porque, realmente, algumas ações podem passar por períodos em que os ganhos disparam, algo normal em temporadas de euforia dos mercados.
Ações que são negociadas a preços muito baixos, inferiores a R$ 1, podem ser alvo fácil de manipulação. Um caso recente ocorreu com os papéis da Mundial, uma conhecida fabricante de alicates.
Entre fevereiro e junho de 2011, a ação ordinária dessa empresa disparou mais de 2.000%, perdendo quase 90% do seu valor em poucos dias, após o estouro da chamada "bolha do alicate".
No auge, esses papéis chegaram a movimentar mais de R$ 100 milhões em negócios por dia, algo somente visto com ações de grandes empresas, como as do grupo Pão de Açúcar ou dos grandes bancos.
No final do ano passado, o Ministério Público Federal ofereceu uma denúncia contra dez pessoas, sob acusação de formação de quadrilha e manipulação do mercado. Hoje, esses papéis são negociados a menos de R$ 0,50, com um giro de negócios abaixo de R$ 1 milhão por dia.
DICAS PARA EVITAR CILADAS NO MERCADO FINANCEIRO
1) Verifique os sites da CVM, do Banco Central e do Procon local. Esses órgãos sempre trazem alertas em suas páginas na Internet contra golpes e esquemas duvidosos de investimentos.
2) Pesquise antes de investir. Aumentar seu conhecimento sobre como funcionam as aplicações financeiras é uma das melhores maneiras de evitar "pirâmides" e esquemas semelhantes. Entender os riscos é uma providência fundamental.
3) Desconfie de promessas de alto rendimento com baixo risco. O contrário é a regra, como demonstram os exemplos da poupança (baixo risco e baixo rendimento) e das ações (alto risco e potencial de ganhos muito superior).
4) Desconfie de dicas de investidores "bem-informados". Em vários casos, é somente uma tentativa de manipular os preços de ações.
Incautos perdem dinheiro porque o intervalo entre a disparada e o desabamento dos preços é muito curto, o que multiplica as dificuldades de acertar o momento conveniente para comprar e vender o papel.
5) Tenha cautela com ofertas de ações cotadas em centavos. Esses papéis estão mais sujeitos a oscilações violentas de preços e manipulações porque, além do baixo valor, também movimentam poucos negócios. Quando uma ação cotada a R$ 0,50 sobe para R$ 1, seu valor dobrou, o que dificilmente acontece (pelo menos no curto prazo) com papéis que são negociados por muitos investidores).
6) Fuja das famosas "pirâmides" financeiras. Quase sempre esses esquemas dependem da entrada contínua de novos associados, o que não se sustenta no curto ou no médio prazo. Desconfie se o produto oferecido no esquema for caro demais em relação a itens semelhantes.
7) Rendimentos passados não garantem rendimentos futuros. Essa velha advertência no mundo das finanças pode evitar várias frustrações. O desempenho anterior de um investimento é útil, no entanto, para avaliar os seus riscos.
8) Acompanhe os investimentos feitos através de intermediários. O investidor pode verificar as ações ou títulos públicos comprados pelo site de uma corretora de valores. As ações são conferidas pelo CEI (Canal Eletrônico do Investidor). Os títulos públicos pelo site do Tesouro Direto, usando as senhas de cliente.
9) Evite a tentação da informação privilegiada. Em geral, quando o investidor recebe a dica "quente" sobre a ação de uma empresa, a informação já está velha, é infundada ou está incompleta.
10) Tome cuidado com o golpe das "ações esquecidas". Alguns golpistas se especializaram em contatar incautos dizendo que a vítima possui ações antigas do setor telefônico. Como regra geral, pedem dinheiro para agilizar a operação de resgate desses papéis ou como um adiantamento do Imposto de Renda.