Uso de cartões vai dobrar nos próximos anos

Brasil levará dez anos para se igualar aos EUA no uso de cartões

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O crescimento dos cartões no Brasil tem sido forte, mas, se o ritmo atual for mantido, ainda vai levar pelo menos dez anos para que o País atinja o nível atual de mercados maduros, como Estados Unidos e Canadá, segundo analistas e executivos do setor. Atualmente, os cartões correspondem a 22,5% dos gastos das famílias brasileiras. Isso é metade da participação que o dinheiro de plástico tem, por exemplo, nos EUA.

Nos últimos quatro anos, o crescimento ocorreu, na média, ao ritmo de 1,8 ponto percentual ao ano. Com base nesse desempenho, acredita-se que os cartões possam chegar a responder por 45,9% dos gastos das famílias brasileiras em 2023. A projeção da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) é de 40% em 2018.

Rômulo Dias, presidente da Cielo, faz outra previsão. Ele acredita em um crescimento em torno de 1,5 ponto percentual ao ano. "Em sete anos, pode ser que os cartões cheguem a 35% do total", afirma. Nesse ritmo, os 45% seriam atingidos em 2024. Já Daniel Malheiros, analista de cartões da Spinelli, acredita que, para chegar ao patamar de países mais desenvolvidos, o Brasil deve demorar pelo menos dez anos.

Seja qual for o ritmo do avanço, a aposta de especialistas é que o crescimento dos plásticos será puxado por duas frentes: a primeira são os clientes de bancos que, aos poucos, vêm substituindo o cheque e o dinheiro pelo plástico. A segunda, e mais promissora, é a população que ainda não possui cartões, como os consumidores de baixa renda. "A presença desse meio de pagamentos ainda é baixa no Brasil, mas há motivos para crescer", afirma Daniel Malheiros, analista de cartões da Spinelli.

Nas classes C e D, é natural que a modalidade de débito seja mais usada em consequência da bancarização, avalia Ricardo Martins, gerente da área de pesquisas da corretora Planner.

Ao abrir uma conta em um banco, o cliente já recebe um cartão. A partir daí, a instituição financeira pode oferecer linhas de crédito aos clientes, diz Felipe Maffei, diretor de produtos da Visa do Brasil. "O débito acaba sendo um canal de entrada", diz. Já o crescimento da modalidade crédito deve ser motivado justamente pela obtenção um crédito para gastar.

"Uma fatia da população está descobrindo que pode ser bom ter o cartão porque ele passa a contar com um crédito pré-aprovado", diz Maria Fernanda Teixeira, presidente da adquirente americana First Data, que vem se preparando para concorrer com a Cielo e a Redecard no Brasil.

Educação financeira

Para Maffei, da Visa, é possível aumentar o uso de cartões entre os brasileiros educando tanto o usuário final como os funcionários dos bancos. "Se o gerente aborda o cliente para falar dos cartões e informa os benefícios, é quebrada uma barreira", afirma. Martins, da Planner, acrescenta que os cartões private label, que são os cartões de lojas, vêm contribuindo para que a população de baixa renda se acostume com os plásticos. "Vemos o comércio se movimentando cada vez mais para oferecer os cartões próprios. É o caso de drogarias e redes de varejo", diz.

Um dos empecilhos para um crescimento mais rápido dos cartões são as taxas de juros, diz Gustavo Sechin, analista da Votorantim Corretora. Segundo ele, a velocidade com que o Brasil vai chegar aos níveis de nações desenvolvidas no uso dos cartões vai depender de "quando o País vai atingir os mesmos moldes desses países". Para definir os juros, as empresas financeiras tomam por base a taxa Selic, que atualmente está em 10,75%. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos a taxa está entre zero e 0,25%.

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