A UnionPay, líder global em volume de transações com cartões, se prepara para estrear oficialmente no Brasil em 2025, em uma ofensiva que pode transformar o equilíbrio de forças no setor de meios de pagamento. A movimentação da gigante chinesa representa um desafio direto ao histórico domínio das norte-americanas Visa e Mastercard.
Parceria com fintech brasileira e foco no impacto social
A chegada da UnionPay ao país será viabilizada por meio de uma colaboração com a fintech Left (Liberdade Econômica em Fintech), que ficará encarregada de toda a integração com o sistema financeiro local — desde maquininhas de pagamento e bancos até redes de crédito.
Um dos diferenciais da operação no Brasil será o modelo de impacto social: parte das taxas de transação poderá ser redirecionada para causas sociais escolhidas pelos próprios usuários, com transparência total nos relatórios. A iniciativa é inédita entre as grandes bandeiras de cartões no país e sinaliza uma abordagem inovadora, voltada para a responsabilidade social.
Crédito e integração com Pix ainda em 2025
A UnionPay chega com planos ambiciosos. Até o final de 2025, pretende já oferecer função crédito ativa no Brasil e, além disso, implementar integração com o Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central. O objetivo é alinhar-se às tendências locais e facilitar a adoção da nova bandeira por consumidores e comerciantes.
Com 40% das transações globais, chinesa pressiona líderes tradicionais
Com atuação em 180 países, mais de 55 milhões de estabelecimentos credenciados e 150 milhões de cartões emitidos fora da China, a UnionPay não é novata no cenário internacional. Em 2024, a bandeira respondeu por cerca de 40% de todas as transações com cartões no mundo, índice que pressiona diretamente as líderes Visa e Mastercard, que somam os outros 60%.
Além do aspecto comercial, a entrada da UnionPay no Brasil carrega uma carga geopolítica. A empresa utiliza o sistema CIPS (Sistema de Pagamentos Interbancários Transfronteiriços), uma alternativa ao tradicional SWIFT, o que reforça os esforços da China em reduzir a dependência do dólar e dos sistemas ocidentais. A presença no Brasil, nesse contexto, faz parte de uma estratégia maior de expansão pelo Sul Global.
Infraestrutura em expansão e aposta no varejo nacional
Na primeira fase de implantação, a meta da UnionPay é atingir 70% de cobertura em estabelecimentos comerciais brasileiros, com apoio de parceiros como Stone e Saque e Pague. Supermercados, restaurantes, lojas e prestadores de serviço já estão no radar da operadora. Mais de 1.500 caixas eletrônicos estão sendo adaptados para aceitar os cartões da nova bandeira.
A fintech Left, parceira da UnionPay, está desenvolvendo uma plataforma digital para que os usuários possam selecionar, em tempo real, quais projetos sociais receberão parte das taxas de transação. A iniciativa busca transformar a experiência de consumo em uma ação de impacto positivo.
Disputa acirrada com as líderes do mercado
Característica | UnionPay | Visa / Mastercard |
|---|---|---|
Origem | China | Estados Unidos |
Participação Global (2024) | 40% | 60% (combinado) |
Sistema de Pagamento | CIPS | SWIFT |
Modelo de Impacto Social | Sim (via Left) | Não |
Integração com Pix | Prevista em 2025 | Já disponível |
Brasil é peça-chave na expansão pelas Américas
A presença da UnionPay vem crescendo em ritmo acelerado no continente americano. A bandeira já atua em países como Panamá, Equador, Suriname, Dominica e Porto Rico, com cartões emitidos localmente. A entrada no Brasil — segunda maior economia do continente e com ampla base de consumidores — é estratégica para consolidar a marca na região.
Hoje, a UnionPay está presente em 93 países com pagamentos móveis habilitados e continua ampliando sua rede global de aceitação, com milhões de comerciantes já utilizando a tecnologia.