O Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu um parecer, na semana passada, a favor da cobrança de uma taxa extra, por fora da mensalidade dos planos de saúde, pela assistência prestada pelos obstetras durante o trabalho de parto. O valor, defende o CFM, pode ser combinado entre o médico e a gestante. Segundo o Conselho, a medida ajudaria a reduzir o número de cesarianas no país, que é alto também devido à preferência dos médicos pelo procedimento, que costuma durar menos do que um parto normal.
Hoje, os obstetras conveniados recebem apenas pelas consultas e pelo parto, já que os contratos dos planos não cobrem o acompanhamento, que, segundo o Conselho, pode durar até dez horas nos casos de partos normais.
A coordenadora da Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps), Renê Patriota, condenou a posição do CFM, uma vez que os médicos sabem das condições dos convênios quando assinam o contrato com os planos:
? O parto normal pode demorar ou não. Quem tem que pagar pelo trabalho de parto não é a paciente, mas o plano de saúde.
Patriota, que é obstetra, reconheceu, entretanto, que os valores pagos pelas operadoras estão muito abaixo do ideal:
? Mas a paciente não tem a obrigação de pagar porque já paga o plano.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos, informou apenas que está analisando o assunto.