Esta semana termina o período de carência de 30 dias que a petroleira OGX tem para concluir as negociações de reestruturação da dívida com detentores de bônus e, assim, evitar o calote.
Às 11h, as ações da companhia caíam 24,4% e lideravam as perdas do principal índice da Bolsa de Valoes de São Paulo, o Ibovespa.
No início deste mês, a petroleira de Eike Batista comunicou ao mercado que não pagaria a seus credores cerca de US$ 45 milhões das parcelas referentes a juros de dívidas emitidas pela empresa no exterior que venceram no dia 1º de outubro.
Na ocasião, a OGX divulgou que optava ?pelo não pagamento das parcelas referentes aos juros remuneratórios, no valor aproximado de US$ 45 milhões, decorrentes das Senior Notes emitidas pela OGX Austria, controlada da companhia?.
OGX deixa de pagar cerca de US$ 45 milhões em juros para credores
No comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a OGX informou ainda que a companhia possuía 30 dias ?para adotar as medidas necessárias sem que seja caracterizado o vencimento antecipado da dívida" de mais de US$ 1 bilhão.
Sem um acordo com credores, a empresa será declarada inadimplente. Se isso ocorrer, poderá marcar o maior calote corporativo na América Latina, segundo dados da Thomson Reuters.
Se não chegar a uma solução, a empresa poderá ter de pedir recuperação judicial. De acordo com reportagem do jornal ?Valor? desta segunda-feira (28), se confirmado, este pode ser o maior processo de recuperação judicial realizado na América Latina.
O não pagamento dos juros referentes à dívida de US$ 1,1 bilhão em bônus com vencimento em 2022 já era esperado pelo mercado diante da crítica situação de caixa da petroleira. No total, apenas em bônus no mercado internacional a OGX tem dívida de US$ 3,6 bilhões.
A agência de classificação de crédito Fitch rebaixou, em setembro, o rating da OGX para "C", de "CCC", apontando que a inadimplência da companhia era iminente ou inevitável.
Derrocada
A derrocada da OGX, que já foi considerada o ativo mais precioso do grupo de empresas de Eike, ganhou força após sucessivas frustrações com o nível de produção da petroleira. No início de julho, a companhia decidiu não seguir adiante com o desenvolvimento de algumas áreas na bacia de Campos antes consideradas promissoras.
Com pouco dinheiro disponível e fracasso na produção de petróleo até o momento, em agosto a OGX desistiu de adquirir nove dos 13 blocos que arrematou na última licitação de áreas de petróleo, evitando o pagamento de 280 milhões de reais ao governo por direitos exploratórios.
A OGX espera completar a venda de uma fatia em blocos de petróleo que possui para a malaia Petronas, para conseguir um alívio no caixa. A Petronas, porém, aguarda a conclusão da reestruturação da dívida da OGX para dar prosseguimento ao negócio de US$ 850 milhões com a petroleira brasileira.
A OGX contratou como assessores o banco Lazard e o grupo de investimentos Blackstone para coordenar as discussões com os detentores de bônus, enquanto revisa sua estrutura de capital e plano de negócios.