PRAÇA DA BANDEIRA
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Na década de 1980, o centro de Teresina pulsava com o movimento intenso do comércio popular e das feiras livres. Nas imediações da Praça da Bandeira, era comum encontrar vendedores oferecendo potes de barro para armazenar água, utensílios indispensáveis em uma época em que o consumo de água filtrada ainda dependia de métodos tradicionais. As ruas próximas eram tomadas por bancas improvisadas e pela voz dos feirantes anunciando seus produtos, compondo uma paisagem típica da capital piauiense de então.
Uma fotografia de autor desconhecido registra esse cenário com riqueza de detalhes, revelando o cotidiano simples e autêntico da cidade. Na imagem, pode-se ver os potes alinhados nas calçadas, o vaivém das pessoas e a convivência harmônica entre o comércio ambulante e o espaço público. Trata-se de um retrato que ultrapassa o valor estético: é um documento histórico que preserva fragmentos da memória urbana de Teresina e das relações sociais que se formavam em torno da venda e da troca.
Os potes de barro, além de sua função prática, carregavam também um simbolismo cultural. Produzidos artesanalmente, eram resultado do trabalho de oleiros e artesãos locais, que mantinham viva uma tradição passada de geração em geração. Comprar um pote na Praça da Bandeira não era apenas adquirir um recipiente, mas participar de uma rede de saberes populares que unia campo e cidade. Era um gesto de identidade e pertencimento.
Hoje, ao revisitar registros como esse, é possível perceber o quanto Teresina se transformou, mas também como certas memórias resistem no imaginário coletivo. O comércio moderno substituiu muitas das práticas antigas, mas a lembrança dos potes, dos vendedores e do ritmo tranquilo das feiras ainda ecoa como parte da história afetiva da cidade — um tempo em que o barro guardava a frescura da água e, com ela, o cotidiano de um povo.