Taxa básica de juros deve subir nesta quarta para conter inflação

Aceleração nos preços das hortaliças com as chuvas contribuem para cenário negativo

Ilustração. | Divulgação
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A taxa básica de juros, a Selic, deverá subir nesta quarta-feira (18), passando dos atuais 10,75% ao ano para 11,25% ao final da primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de 2011. A perspectiva é de analistas de mercado e de economistas ouvidos pelo R7.

O motivo é o ritmo intenso na aceleração dos preços dos alimentos e serviços, que ocorre desde o segundo semestre de 2010. Mesmo com as medidas recentes do Banco Central, como a retirada de R$ 61 bilhões do mercado ? no final do ano passado ? o crédito continua em expansão no país e a inadimplência começa a crescer.

Segundo Fábio Romão, economista da LCA Consultores, a perspectiva é que a inflação de janeiro seja superior a de 2010, chegando a 0,87%, no maior valor para o mês desde 2003 ? quando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor, a inflação oficial utilizada pelo governo) ficou em 2,25%.

O motivo, segundo ele, está na aceleração dos preços dos produtos dos setores de serviços, despesas com educação e transportes. Neste mês, pesaram no bolso do consumidor o reajuste das mensalidades escolares, do material didático, dos transportes, além dos alimentos que desde o ano passado já estão mais caros nas prateleiras dos supermercados.

- Por conta dos gastos com educação, aluguel , condomínio, bebidas e alimentos, o BC vai apertar os juros para e, como os preços seguem trajetória crescente, é provável que não pare por aí. Nossa estimativa é que o Banco Central suba a Selic também em abril.

Chuvas

Historicamente o mês de janeiro é um período de vacas magras para os consumidores. Além dos reajustes tradicionais, pesam também no bolso os impostos e o aumento no preço dos produtos devido ao período de chuvas.

Neste ano, os legumes e verduras estão tendo um aumento acima do normal, devido aos desastres ocorridos em regiões produtoras, como Minas Gerais - onde os preços subiram 242% com as chuvas.

De acordo com Rogério Mori, professor de macroeconomia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), além do aumento nos preços dos alimentos, existe ainda a pressão do início do novo governo em manter a inflação sobre controle.

- Essa será a primeira reunião do Copom no novo governo, que deverá mostrar já na partida seu compromisso de manter a inflação em um patamar baixo. Esses fatores compõem um cenário concreto para elevação dos juros.

Impacto financeiro

Mori também acredita que ?as expectativas de inflação deverão continuar subindo nas próximas semanas, reagindo à alta da inflação de curto prazo. Nesse contexto, é provável que uma ação do BC na área monetária venha a conter esse processo, para sinalizar que a autoridade monetária não tolerará uma alta da inflação.?

O professor alerta ainda que a alta da Selic também impulsionará o aumento das taxas de juros dos empréstimos.

- Com isso, os juros do cheque especial, do cartão de crédito e demais operações de empréstimo deverão ser elevados. Do ponto de vista de investimentos financeiros, a renda fixa volta a ter cada vez mais atratividade em um cenário de juros altos.

Para Nuno Fouto, Coordenador do Provar/Fia (Programa de Administração de Varejo) da Fia (Fundação Instituto de Administração) o aumento da Selic afeta mais a oferta, ou seja, os bancos que oferecem empréstimos.

- Se houvesse uma fórmula segura [em oferecer dinheiro com um prazo menor] seria ótimo, mas isso não existe. Então não sobra alternativa a não ser o aumento da taxa de juros [ao consumidor], mas aí você interrompe o ciclo de crescimento sustentável.

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