Um levantamento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) aponta que o Piauí poderá sofrer perdas superiores a US$ 42 milhões com a nova taxação imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O montante, que equivale a R$ 233 milhões na cotação atual, corresponde ao total exportado pelo estado ao mercado norte-americano ao longo de 2024.
No mesmo período, as importações de produtos dos EUA para o Piauí superaram os US$ 49 milhões (R$ 272 milhões), revelando um déficit na balança comercial estadual com o país.
🌐 Nordeste sob pressão: impacto pode ultrapassar R$ 16 bilhões
A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras motivou a Coordenação de Estudos, Pesquisas, Tecnologia e Inovação da Sudene a investigar os efeitos na região. O resultado é preocupante: a perda estimada pode alcançar R$ 16 bilhões em um ano.
Ceará, Bahia e Maranhão lideram o ranking dos estados mais afetados, concentrando 84,1% das exportações do Nordeste para os EUA até junho de 2025, segundo o estudo. Nesse período, o volume exportado somou US$ 1,58 bilhão (R$ 8,7 bilhões).
📊 Superintendente critica política americana
O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, reagiu com veemência às medidas adotadas pelo governo dos EUA, alertando para as consequências comerciais.
"Ao mesmo tempo em que um país exporta, também é importador. O mercado nordestino importou quase US$ 6 bilhões, ou seja, R$ 33,5 bilhões, em 2024 em produtos norte-americanos. Aplicando a regra da reciprocidade, os norte-americanos têm bem mais a perder do que a ganhar com a medida de seu presidente", destacou Cabral.
📦 Exportações ameaçadas e cadeias produtivas em risco
Além do impacto direto, a tarifa pode comprometer setores estratégicos da economia regional, como explicou José Farias, coordenador técnico da pesquisa. Segundo ele, a medida pode resultar em perda de empregos, queda do PIB e desarticulação de diversas cadeias produtivas ligadas às exportações.
“Será uma perda significativa para a economia regional, caso este mercado seja fechado, uma consequência natural diante do aumento expressivo nos preços de mercadorias, conforme a lei da oferta e da procura mostra”, avaliou Farias.
Ele destaca que o “aumento absurdo de tarifa” pode afastar os compradores americanos e redirecionar a demanda a outros mercados globais, deixando o Nordeste em desvantagem competitiva. Para o pesquisador, os efeitos mais severos recaem sobre pequenos agricultores e segmentos da indústria regional:
“Estamos falando de uma pauta muito diversificada, indo desde ligas de aço, passando por pastas químicas, pneus e variados produtos da agropecuária (tipicamente commodities).”
🐝 Mel do Piauí deve ser o mais atingido
No caso específico do Piauí, o mel natural surge como o produto mais vulnerável à nova tarifa. Apenas no primeiro semestre de 2025, o estado vendeu mais de US$ 11 milhões (R$ 62,6 milhões) da mercadoria aos EUA.
A cobrança extra de 50% sobre os produtos brasileiros entra em vigor a partir de 1º de agosto de 2025.