O sonho de conhecer uma das capitais mundiais da moda fez uma menina de apenas oito anos de idade criar o próprio negócio em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, Rio Grande do Sul. Ao abrir uma loja virtual para vender acessórios de cabelo, a pequena Maira Faria Corrêa Vilella virou uma estilista mirim e também um exemplo de que não existe idade certa para começar a empreender.
O estímulo partiu de um desafio lançado pela mãe da menina, Mariana Faria Corrêa, 34 anos. Desde pequena, Maira alimenta o sonho de conhecer a cidade de Paris, um dos berços da moda mundial. Mas quando ela resolveu pedir de presente uma viagem para a capital francesa, a mãe respondeu com um desafio. ?Eu disse que se ela realmente quisesse ir para Paris ela teria que juntar dinheiro?, conta Mariana.
É o que a pequena Maira vem fazendo desde então. No início, ela começou a juntar todo o dinheiro que ganhava em um cofrinho, mas percebeu que demoraria muito para conseguir angariar a quantia necessária para a viagem. Surgiu daí a ideia de empreender. Mesmo desconhecendo o significado da palavra, Maira resolveu abrir uma loja na internet para vender bandanas e faixas de cabelo que ela mesmo confeccionava em casa.
Em cinco meses, a lojinha virtual da marca Manduá by Maira, arrecadou cerca de R$ 1 mil com a venda das bandanas e faixas de cabelo feitos pela menina com a ajuda da mãe. O nome da marca foi inspirado no tamanduá, animal preferido dos pais dela, um casal de biólogos. ?Eu vou com a minha mãe na loja para comprar os tecidos. Daí venho para casa, combino os tecidos e rasgo eles para que eu ou a minha mãe costure?, diz Maira.
A máquina de costura onde Maira faz suas criações até parece de brinquedo, mas não é. Aprender a fazer os acessórios, isso sim é uma grande diversão para a menina. Entre os estudos e as brincadeiras com os amigos, ela encontra tempo para criar cada vez mais. Aos poucos, fica cada vez mais perto da Cidade Luz. ?Eu quero ir para Paris para experimentar as comidas, para subir na Torre Eiffel e porque é a cidade da moda. Eu descobri tudo isso com a minha bisavó. Ela fazia poesias em francês e cantava em francês?, comenta a pequena empreendedora.
A mãe de Maira explica que tudo começou quando ela estava costurando bandanas para a filha. ?Ela sempre teve esses cabelos cacheados e eu sempre aproveitei para fazer coisas para os cabelos, como bandanas e faixas. Daí, eu estava terminando de costurar uma bandana e ela disse: ?A gente podia vender isso?. E foi assim que começou?, lembra Mariana.
Além de vender os adereços pela internet, Maira também já foi convidada a expor em feiras de Venâncio Aires. Os preços variam entre R$ 5 e R$ 15, e todo dinheiro arrecado vai para a poupança da menina. A mãe é quem arca com o custo dos tecidos e todo o investimento necessário. Empolgada, a pequena empreendedora conta que as bandanas já fazem sucesso até fora do Vale do Rio Pardo. ?Vendi uma para uma menina de Pelotas?, comemora.
Para o economista Eloni Salvi, o exemplo de Maira é positivo, pois é importante a criança aprender a lidar com o dinheiro desde cedo, desde que não atrapalhe outras atividades como estudos e o tempo para as brincadeiras. ?De forma adequada, dentro da lei e dentro de normas, é muito saudável para que a criança consiga ver no dinheiro não só algo que pode ser usado para gastar, mas que ela possa ver que o dinheiro é fruto de algo bom que ela faz?, explica o especialista.