A balança comercial piauiense obteve um superávit de U$ 148,4 milhões, no primeiro trimestre. É um recorde para o período, além de registrar o maior crescimento do país, algo em torno 1.800%, na comparação com o ano passado. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia que apontou a soja como o responsável por esse crescimento estratosférico. De cada 100 dólares que entraram no Estado, esse ano, em torno de 65 foram provenientes da venda do produto ao exterior.
A expectativa da safra de soja, deste ano, no Piauí se aproxima das 3,3 milhões de toneladas de grãos, um crescimento de 20,6% em relação à colheita de 2021. Na verdade, trata-se do maior percentual de crescimento entre os estados produtores de soja no país. O Mato Grosso, por exemplo, que é o maior produtor de soja do Brasil em quantidade, tem previsão de crescimento de apenas 7,3%, ou seja, menos da metade do que o Piauí deve crescer.
Para Alzir Neto, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja do Piauí (Aprosoja-PI), essa é uma grande oportunidade de mostrar o que o estado pode oferecer. “Os resultados são muito satisfatórios. Uma safra recorde que a gente começou a colher e com isso o Piauí mostrando que tem uma capacidade de produzir muito por hectare, mostrando que tem técnica, tem precisão no trabalho e tem votação para agricultura”, pontuou, lembrando que as chuvas deste ano, também, ajudaram bem.
E bota ajuda nisso, hein. As chuvas foram boas durante todo o período, segundo a meteorologia. Porém, as ocorridas em março foram fundamentais para a consolidação das lavouras de primeira safra. Houve aumento de 5,4% da área devido à conjuntura favorável do mercado. A maioria das lavouras se encontram em enchimento de grãos e maturação. Cerca de 85% das lavouras estão em boas condições. “E olha que o período chuvoso ainda não terminou de fato”, lembrou Alzir.
Piauí se transformou em um mar de soja
Em virtude desse conjunto de fatores e a grande produtividade da soja, a área de semeadura do Piauí vem girando em torno de 893,2 mil hectares, um aumento de 8% frente à temporada passada. Apelidado de “caçulinha”, o Estado começou os investimentos no agronegócio da soja há cerca de 25 anos apenas e cresceu mais de 20% nesse intervalo, saindo de 2.5 milhões de toneladas para mais de 3 milhões de toneladas.
“Antes o que era um Cerrado, foi transformado em um mar de soja. Teremos uma safra recorde e o Piauí tem capacidade de mais do que dobrar a sua produção de grãos. Acredito que isso acontecerá nos próximos dez anos”, afirmou Alzir Neto, presidente da Aprosoja-PI, destacando que o nível de técnica e de precisão das lavouras mostra a aptidão do estado em vencer os gargalos da produção do estado, como a infraestrutura e a logística.
5G no Agro: Piauí é o primeiro a utilizar a tecnologia
Outro evento de destaque ocorrido no Piauí, esse mais recente, foi o lançamento da tecnologia 5G no agronegócio, que aconteceu no final de março, na Fazenda Ipê, no município de Baixa Grande do Ribeiro, também na região sul do Estado. O lançamento, inclusive, contou com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro. O produtor Prioti Lacsqui, dono de fazenda naquela região, comentou sobre a chegada da nova tecnologia.
Daniel Leste, também produtor de soja, da Fazenda Lagarto, no município de Santa Filomena, no sul do Piauí, reforçou que a chegada da tecnologia vai ampliar ainda mais a produtividade. Ele comentou que a safra deste ano foi uma das melhores de todos os tempos. “Finalizei a colheita de soja na minha fazenda e a produtividade foi excelente, muito boa mesmo, muito, também, porque choveu bem, não tivemos estresse pela chuva, esse ano”, enfatizou.
Estado se sobressai na colheita do grão
Entretanto, apesar do destaque do Piauí, a safra de soja nacional não deve crescer este ano, conforme análise da Conab. Um dos motivos é que houve redução no volume estimado de exportações, passando de 80,16 milhões de toneladas para 77 milhões de toneladas, motivada por um maior direcionamento para a produção e exportação de óleo, em detrimento do grão. Já em relação ao milho, a venda externa deve passar de 35 milhões de toneladas para 37 milhões de toneladas neste levantamento.
De acordo com a entidade, na semana anterior, a colheita estava em 69,9%. A Pesquisa apontou que os trabalhos estão bem adiantados em relação ao ano passado, que tinha índice nesta época de 66,9% e também em relação à média normal para o período, que é de 68,9%. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, os trabalhos já estão virtualmente finalizados, um claro avanço para o período ante o ano passado.
Outro dado que também chama a atenção são os números da região do Matopiba. Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia estão com o estágio de colheita muito à frente do que o registrado em 2021. Assim, Piauí é o que mais se sobressai: aumento comparativo de 52%. No lado negativo, apenas São Paulo e Santa Catarina, com 85% e 36%, respectivamente, possuem evolução inferior à que era registrada no mesmo período de 2021, quando o estado paulista contava com 87% da área colhida e o catarinense com 42%.