O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou em entrevista na edição desta quarta-feira do Estado de S. Paulo que o único prejudicado pelo rombo financeiro no banco PanAmericano foi o acionista majoritário, Grupo Silvio Santos, e que era dele a responsabilidade de descobrir se houve ou não fraude nos resultados contábeis do banco. Ele rebateu as críticas dirigidas ao BC sobre a demora para identificar o possível desvio de dinheiro afirmando que a autoridade monetária não pode fazer o trabalho que os órgãos de controle interno e externo da empresa deveriam ter feito.
Segundo Meirelles, o BC agiu a tempo de evitar prejuízos para o sistema financeiro do País e está conduzindo a investigação rigorosamente, mas não pode garantir que não haja mais problemas nos bancos. Na entrevista ao jornal, o presidente do BC informou ainda que está sendo trabalhada uma proposta de regulamentação do setor de cartão de crédito, tido como principal modalidade utilizada na fraude do banco PanAmericano.
O caso
O Banco PanAmericano anunciou em 9 de novembro que o Grupo Silvio Santos, seu controlador, iria aportar R$ 2,5 bilhões na instituição para restabelecer o equilíbrio patrimonial e a liquidez, após "inconsistências contábeis" apontadas pelo Banco Central. A autoridade monetária não forneceu detalhes, mas um processo administrativo de investigação vai apurar a origem e os responsáveis pelo problema de falta de fundos. A injeção de recursos no banco foi feita por meio do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que é uma entidade sem fins lucrativos que protege os correntistas, poupadores e investidores. São as instituições financeiras que contribuem com uma porcentagem dos depósitos para a manutenção do FGC - sem recursos públicos.
A holding do Grupo Silvio Santos colocou à disposição empresas como o SBT e a rede de lojas do Baú da Felicidade, entre outras, como garantia pelo empréstimo, que tem prazo de dez anos. Especializado em leasing e financiamento de carros, o PanAmericano teve 49% do capital votante vendido para a Caixa Econômica Federal em dezembro de 2009, por R$ 739,2 milhões. O presidente do BC, Henrique Meirelles, a presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, e as empresas de auditoria que não verificaram o rombo devem prestar esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Com autorização do BC, as atividades das lojas e o atendimento ao público continuam sem problemas, segundo a instituição.