A violência que assola o Rio de Janeiro desde domingo já deixou cerca de 100 veículos queimados. E se um destes carros fosse o seu? Será que a seguradora arcaria com os danos?
Normalmente, contrato de seguro de carro exclui cobertura para atos de terrorismo, vandalismo e guerra. Mas o que está valendo neste momento é o bom senso.
?Esta cláusula existe para evitar a falência do setor. Mas são poucos os carros atingidos, perto da massa total que é coberta?, afirma o advogado Paulo Fernando Cardoso Simões, do escritório Minhoto Advogados Associados, que é um dos maiores especialistas em direito do seguro.
De fato. A seguradora Marítima decidiu cobrir clientes que tiverem os carros avariados num ataque criminoso. ?Até agora não registramos nenhum caso assim?, diz o diretor-adjunto de automóveis, José Carlos de Oliveira.
Se as seguradoras decidirem cobrir o prejuízo de seus clientes, será uma decisão estratégica delas. Esta é, aliás, uma orientação da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg) às seguradoras associadas a ela.
A Porto Seguro, por exemplo, uma das maiores seguradoras do Brasil, informa que vai bancar os prejuízos dos clientes.
A diretoria da FenSeg informa, porém, que o pagamento do seguro só acontecerá para os segurados que tenham a cobertura de colisão, incêndio e roubo, que é o produto mais comprado.
Quem comprou apenas a Responsabilidade Civil Facultativa (RCF), que só banca prejuízos causados pelo segurado a terceiros, terá a indenização negada.
Segundo o Procon de São Paulo, o que vale mesmo é o que está no contrato. Se lá diz que o seguro não cobre atos de vandalismo nem de terrorismo, então a empresa não teria, em tese, essa responsabilidade.
Seguros mais caros?
E será que, por conta dos ataques, fazer seguro de carro no Rio vai ficar mais caro do que em qualquer outra região brasileira?
?Não. Isso só aconteceria se os ataques fossem diários e acontecessem anos a fio?, afirma Oliveira, da Marítima. Atualmente, os valores da apólice no Rio batem com as de São Paulo.