Descendente de holandeses, Cornélio Adriano Sanders desembarcou no Piauí em 2001, vislumbrando nas terras do Cerrado uma oportunidade de expandir sua produção agropecuária. Hoje, à frente do Grupo Progresso, administra quatro propriedades distribuídas por Sebastião Leal, Uruçuí, Landri Sales e Guadalupe, com cultivos que vão da soja e milho ao algodão, além de pesquisas e produção de sementes, eucalipto e integração lavoura-pecuária-floresta.
ESTRUTURA E PRODUÇÃO
Com 640 funcionários e uma infraestrutura completa para secagem e armazenagem — 100% a vapor —, o grupo produz mais de 1,5 milhão de sacas de sementes de soja e mantém 5 mil hectares dedicados ao algodão. Os silos, pintados de branco para reduzir em até 10 °C a temperatura interna, preservam o potencial germinativo das sementes. Há ainda sistemas fechados de tratamento de água e resíduos e uma usina solar que garante autossuficiência energética.
VARIEDADES E TECNOLOGIA
Segundo Sanders, o carro-chefe é a variedade Neogen 790, de ciclo precoce e alta produtividade. “A principal variedade que produzimos hoje é neogen, uma variedade neogênica 790, um material precoce para nós aqui, para o norte todo, é o que a gente mais está produzindo, dá uns 350 mil sacos só desse material. Tem ampla adaptação e alto potencial produtivo”, afirma.
DO ARADO AOS AVIÕES
Na matriz do grupo, em Sebastião Leal, um aeroporto com cinco aeronaves agrícolas, dois aviões comerciais e um jato reforçam a logística e o manejo das lavouras. Um hangar foi adaptado para a produção de insumos biológicos. No total, são 32 mil hectares de grãos em uma área de 54 mil hectares, parte dela de vegetação preservada. Nada se perde: resíduos de soja e caroço de algodão são vendidos para a indústria de óleo e ração.
TRAJETÓRIA DA FAMÍLIA SANDERS
A história remonta a 1949, quando a família Sanders deixou a Holanda e se estabeleceu no Brasil. Após a morte do patriarca Thomas Sanders, seus filhos assumiram a atividade agrícola, expandindo para seis fazendas em diferentes estados. Em 2000, Cornélio e o filho Gregory conheceram o potencial do Piauí e iniciaram um projeto que se tornaria referência.
DESAFIOS INICIAIS
Gregory, formado em agronomia e administração, lembra que, no início, a região era praticamente virgem para a agricultura mecanizada. “Foi uma aposta muito grande. Tudo era apenas uma área bruta, com vegetação nativa, algumas fazendas que foram abertas e abandonadas, poucos exemplos de lavouras que demonstravam algum potencial de produção. Não tínhamos nenhuma referência de que daria certo”, relata.
INFRAESTRUTURA E SUPERAÇÃO
Além das dificuldades agronômicas, a logística era precária. “Não havia estrada direito. Qualquer caminho que a gente precisasse percorrer era, no mínimo, 100 km de chão. Além disso, não tinha nenhuma concessionária de máquinas na região, a mais próxima ficava em Balsas, a 290 km”, lembra Gregory. Mesmo assim, pai e filho seguiram firmes, ampliando a estrutura e os conhecimentos a cada safra.
FAMÍLIA E SUCESSÃO
Cornélio tem outros dois filhos: Greicy Sanders Carneiro, advogada que administra a fazenda da família em Minas Gerais e dá suporte jurídico ao grupo, e Gueberson Sanders, estudante de medicina e acionista da empresa. Para Gregory, o legado é mais valioso que qualquer patrimônio: “Honestidade, garra, perseverança e muita vontade de trabalhar foi o que aprendi com meu pai. Ele não é muito de falar, mas a gente percebe que ele se sente realizado”.
LEGADO E FUTURO
Gregory, casado e pai de dois filhos, já imagina a terceira geração no campo. “Todo agricultor, de todo porte, de todas as regiões, é um herói. Mesmo com todos os contras, continuamos trabalhando ano a ano, acreditando que o dia de amanhã vai ser melhor do que o de hoje”, conclui. As informações são do site especializado Compre Rural.